Opinião

“O “conto” da conta de luz”, por Terezinha Nunes

apagao-ABr1-300x199Em setembro de 2012, um mês antes das eleições municipais, a presidente Dilma anunciou, em rede de rádio e TV, uma redução de 16% no preço da conta de luz dos brasileiros. A intenção era criar um clima favorável, sobretudo nas grandes cidades, para que os candidatos a prefeito da base do governo se dessem bem nas urnas.

Naquela época o governo já sabia e a presidente também que o céu não era de brigadeiro para o setor elétrico. Especialistas no assunto já falavam no aumento do uso das termoelétricas – de manutenção bem mais cara – para cobrir o déficit de geração de energia hidroelétrica e os apagões, que já somam mais de 15 no Governo Dilma, eram uma ameaça constante.

Como explicar então uma redução na conta de luz quando as próprias linhas de transmissão, cuja manutenção precária é evidente espalhando a extensão dos apagões, estavam dando sinais de exaustão?

Esta semana o povo pernambucano acordou perplexo com a autorização dada pela Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica – controlada pelo Governo Federal para que a Celpe aplicasse um aumento de  17,75% na conta de luz a partir de 1º de maio.

O reajuste estadual é superior ao autorizado para os demais estados nordestinos. Na Bahia o aumento foi de 14,82%, em Sergipe, de 12,17%, no Rio Grande do Norte, de 11,4%. Só o Ceará se aproximou mais de Pernambuco mesmo assim o reajuste foi menor: 17,02%.

Além do aumento da conta de luz dos pernambucanos ter praticamente anulado a redução do preço anunciado pela presidente em 2012, ele foi três superior ao IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor – utilizado pelo próprio Governo Federal para majorar as tarifas dos serviços públicos.

Isto significa que vamos pagar três vezes mais que a inflação do período.

O mais grave é que, além de novo custo no consumo residencial, as pessoas vão pagar mais também pelos produtos da indústria e do comércio. Para os dois setores o aumento da energia foi ainda maior – 17,86% –  e as lideranças dos dois segmentos já informaram que não têm como cobrir esta nova despesa sem majorar os preços das mercadorias a serem disponibilizadas daqui para a frente para os consumidores.

A perspectiva, portanto, é de mais inflação e menos crescimento.

Especialistas no assunto afirmam que a falta de planejamento do Governo Federal, problemas climáticos e as medidas eleitoreiras, como a da redução das tarifas em 2012 no período eleitoral, explicam o que está acontecendo.

A presidente Dilma não conseguiu mais segurar o reajuste sob pena de comprometer ainda mais o caixa do Governo. Mas o pior ainda está por vir.

Um dos maiores analistas do setor em nosso estado, Antonio Feijó, da Ilumina Nordeste, que há anos vem denunciando o descaso com a área energética, vaticinou esta semana: “ Esperem que no ano que vem teremos mais aumentos e eles devem ser ainda maiores que os 17% de agora”.

Durma-se com um barulho desses.