Opinião

“Fraternidade e Tráfico Humano – É para a liberdade que Cristo nos libertou”, por Giovanna Mendonça Teles

Foto: Corbis
Foto: Semira/GO

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A liberdade é um dom precioso que nos é dado por Deus. Cristo morreu para nos libertar e para participarmos da vida em toda sua plenitude. Viver a liberdade é ter o discernimento de fazer as escolhas que condizem com aquilo que acreditamos, queremos e com aquilo que Cristo espera de nós.

Com o objetivo de informar, conscientizar e sensibilizar as pessoas, a Campanha da Fraternidade 2014 traz o tema “Fraternidade e Tráfico Humano”, no ano de seu cinquentenário.

A igreja, por estar inserida nas comunidades, facilita a divulgação e propagação do que é o Tráfico Humano e corrobora para denunciá-lo como violação dos direitos humanos, da dignidade e da liberdade humana.

O Tráfico Humano, em suas principais modalidades (exploração sexual, trabalho forçado e servidão, remoção de órgãos e adoção ilegal), é a escravidão do século XXI, não importando se são crianças, adolescentes, mulheres ou homens. Essa escravidão contemporânea, não é um resquício de práticas antigas, que desaparecem com o tempo, mas sim, um importante instrumento utilizado pela ganância de alguns, privilegiando o lucro em detrimento das pessoas e da vida, em todas as suas expressões.

Colocado entre as atividades mais rentáveis no mundo, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em 2005, estimou a movimentação de US$ 32 bilhões por ano e que, aproximadamente, 3 milhões de pessoas haviam sido traficadas no mundo. A TV SIC Portuguesa, em seu documentário sobre Tráfico de Pessoas, em 2013, fala de uma movimentação de 23 milhões de euros ao ano e que mais de 27 milhões de pessoas já foram traficadas no mundo.

Como ficar indiferente a esse crime que atenta contra nossa vida e nossa dignidade?

A maioria dessas vítimas vive numa situação de vulnerabilidade acentuada e que mesmo sendo traficada ou explorada ainda sentem uma dívida de gratidão por seus aliciadores. Esses aliciadores, homens e mulheres, são, na maioria das vezes, pessoas que fazem parte do círculo de amizades da vítima ou de membros da família. Eles atraem pessoas com promessas de bom emprego, altos salários, sucesso, documentação e dinheiro assegurados para viajar e outras benesses.

O Tráfico Humano é um crime hediondo, silencioso e subterrâneo e sua invisibilidade dificulta o seu enfrentamento e por sua vez, as vítimas na sua grande maioria, não se manifestam por vergonha de expor o que passaram, pelo temor das represálias ou até mesmo pela falta de consciência da exploração a que foram submetidas.

Enquanto cristãos, somos desafiados ao compromisso de erradicação do tráfico Humano em todas as suas modalidades, auxiliando na reestruturação da sociedade em termos de conscientização e prevenção, de denúncia, reinserção social de milhares de pessoas que vivem em situação de miséria e pobreza, potenciais vítimas de aliciadores para o tráfico humano.

Cabe a cada um de nós, enquanto cidadãos, ao tomarmos conhecimento de qualquer fato, a coragem de denunciar: Disque 100 – Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República e Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher. A ligação é gratuita e sigilosa.

Não podemos nos omitir. Denuncie você também!

(Giovanna Alves Mendonça Teles, secretária Executiva da Comissão Executiva de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em Goiás – CEETP-GO, graduada em Letras em Língua Inglesa e Literaturas Correspondentes – PUC/GO (1994), especialista em Docência Universitária – UNIVERSO e mestrada em Linguística Aplicada – UnB).