Opinião

“Duelo de Titãs”, por Terezinha Nunes

Terezinha NunesPolítico obstinado que exerce o seu ofício vinte e quatro horas por dia, o ex-governador Eduardo Campos surpreendeu na eleição de 2012 quando conseguiu dar um nó no seu antigo aliado, o PT, e fazer um secretário desconhecido do grande público prefeito eleito da cidade do Recife, jogando o candidato petista Humberto Costa para o terceiro lugar na disputa já que o segundo foi ocupado pelo tucano Daniel Coelho.

Com tal performance e agora pré-candidato a presidente da República imaginava-se que Eduardo pudesse fazer o mesmo na eleição estadual, elegendo com tranquilidade o seu candidato a governador Paulo Câmara. Para isso até o perfil de Câmara é idêntico ao do prefeito Geraldo Júlio: ambos foram gerados nos quadros técnicos do PSB e nunca haviam disputado eleições.

A campanha ainda nem começou e tudo pode acontecer. O ex-governador tem grande chance de eleger o seu preferido mas está cada vez mais difícil apostar que isto possa vir a acontecer com a tranquilidade que era esperada algum tempo atrás.

Além do pouco tempo que vai poder dedicar a Pernambuco, já que precisa percorrer todo o país, algumas variáveis surgidas recentemente demonstram que o mar não está para almirante.

A pesquisa Maurício de Nassau publicada pelo Jornal do Commércio demonstra, por exemplo, que, para presidente, há um empate técnico em Pernambuco entre Dilma e Eduardo. Desta forma, os dois principais padrinhos da eleição, do lado do PSB e do lado do PT, teriam o mesmo poder de influência sobre o pleito e, consequentemente, sobre os candidatos que vão apoiar: Dilma apoia o candidato Armando Monteiro, do PTB, atual senador.

Outro ponto revelado pela pesquisa é a consolidação, embora ainda prematura, do senador Armando Monteiro com 39% de intenções de voto, quando o grosso do eleitorado ainda não sabe que ele é o candidato de Lula e Dilma.

Se Armando tem este percentual sozinho significa que ainda pode crescer quando Lula e Dilma a ele se vincularem.

Paulo Câmara tem 12%, um percentual alto para quem é totalmente desconhecido e vai crescer quando o eleitorado souber que ele é apoiado por Eduardo mas não se sabe até que ponto pode chegar.

Diante deste quadro a única certeza que se tem hoje é de que a eleição não vai ser um passeio como se pensou anteriormente. Paulo Câmara tem muito mais partidos e candidatos o apoiando e deve ocupar cerca de 12 minutos do tempo de televisão, ficando Armando com pouco mais de 7 minutos. Tanto o tempo de TV quanto o número de candidatos e partidos são vantagens de Câmara.

Mas aí vem a última parte. No patamar atual, a tendência em Pernambuco é uma nacionalização da eleição. Se for um bom candidato a presidente e ameaçar ir para o segundo turno Eduardo pode eleger Câmara sem problemas. Do contrário enfrentará dificuldades. Num caso ou no outro pode haver por aqui um verdadeiro duelo de titãs. E Dilma está disposta a entrar na briga. Que o diga a ousadia de vir a Pernambuco no mesmo dia em que Eduardo lançava sua campanha em Brasília esta semana.

*Terezinha Nunes é deputada estadual pelo PSDB de Pernambuco

**Artigo publicado no Blog de Jamildo