Em 2008, no afã de vender mais ilusões aos brasileiros e adubar sua própria mania de grandeza, o ex-presidente Lula tirou do bolso do colete uma frase muito repetida, na época, pelos áulicos de plantão: “Vamos transformar a Eletrobrás na Petrobrás do setor elétrico” – afirmou o então presidente, enchendo o peito dos petistas e aliados.
Como dinheiro não cai do céu nem Lula é Deus, logo em seguida os nordestinos, que tanto idolatram o ex-presidente, descobriram que o crescimento prometido por Lula para a Eletrobrás sairia do bolso deles próprios, os primos-pobres da nação.
Para fazer a Eletrobrás tão grande quanto prometia, Lula determinou que todas as subsidiárias do setor elétrico brasileiro passassem a transferir para aquela estatal seus lucros anuais e, perdendo a autonomia financeira, era natural, como acabou acontecendo, que todas elas ficassem submetidas às decisões nacionais.
A Chesf, a empresa do setor elétrico que dava mais lucros, tendo apresentado um resultado positivo de R$ 765 milhões no seu balanço de 2009 e R$ 1,5 bilhões no orçamento de 2010, teve que transferir tudo isso para a Eletrobrás e ficou a ver navios.
De empresa pujante, já citada como uma das principais investidoras no setor de energia, a Chesf virou pura mantenedora das instalações das usinas que construiu e das linhas de transmissão regionais hoje à disposição da ONS – Operadora Nacional do Sistema – com sede no Sudeste.
Hoje a Chesf tem que convencer a Eletrobrás a investir no Nordeste, enfrentando uma fila sem fim de demandas de outras regiões brasileiras, o que explica os últimos apagões regionais motivados por falta de manutenção.
A perda da autonomia da Chesf custou muito aos nordestinos e, descobre-se agora, valeu muito pouco para a Eletrobrás. Com o sistema elétrico unificado, o Governo Federal fez, sem resistências regionais, o que estava na verdade por trás da frase basilar de Lula: a submissão do setor elétrico às conveniências do PT e da sua manutenção no poder.
Para não perder popularidade o PT passou a subsidiar os preços da energia, evitando aumentos de tarifa e a Eletrobrás foi aos poucos pagando o pato dessa monumental insensatez.
O resultado é que a empresa, que tinha um valor de mercado de R$ 21 bilhões em 2012, estava valendo em fevereiro deste ano apenas R$ 7,8 bilhões. Se fosse colocada à venda seria arrematada por um preço só um pouco superior a uma rede de varejo conhecida nacionalmente: as Lojas Renner cujo valor de mercado em fevereiro era estimado em R$ 7,2 bilhões. Ou à empresa Localiza, locadora de automóveis avaliada em R$ 6,5 bilhões.
O único consolo que nos resta é que a Eletrobrás pode vir a alcançar a Petrobrás como previu Lula, só que no sentido inverso. Afinal, pela mesma lógica perversa que maculou o setor elétrico, a Petrobrás, que valia R$ 236 bilhões em 2010, vale agora apenas R$ 86 bilhões. Se, ao invés de estatais, as duas empresas fossem do setor privado já teriam quebrado.