 
								 Somente as pessoas alienadas ou politicamente cegas ousariam discordar que estamos vivendo momentos sombrios. O governo federal tem errado tanto que meu amigo Juquinha do PT, quase não sai mais de casa. A nossa turma está preocupada. Ele não era o único Juquinha entre nós, mas era o único petista, por isso o chamávamos Juquinha do PT. Ele defendia com unhas e dentes o partido e, se fosse preciso, com unhas, dentes, braços e pernas, toda a “companheirada”. Alguns eram seus ídolos e suas fotos viviam coladas nos seus cadernos, e depois em suas agendas, mas agora não estão mais lá porque estão atrás das grades, para decepção do Juquinha.
Somente as pessoas alienadas ou politicamente cegas ousariam discordar que estamos vivendo momentos sombrios. O governo federal tem errado tanto que meu amigo Juquinha do PT, quase não sai mais de casa. A nossa turma está preocupada. Ele não era o único Juquinha entre nós, mas era o único petista, por isso o chamávamos Juquinha do PT. Ele defendia com unhas e dentes o partido e, se fosse preciso, com unhas, dentes, braços e pernas, toda a “companheirada”. Alguns eram seus ídolos e suas fotos viviam coladas nos seus cadernos, e depois em suas agendas, mas agora não estão mais lá porque estão atrás das grades, para decepção do Juquinha.
O Marcelo foi visitá-lo um dia desses e disse que ele está bem; que anda sumido porque tem viajado bastante, trabalhado muito. Desculpa esfarrapada! Conhecemos o Juquinha e desde que começaram a pipocar os escândalos do PT, na época do Lula, que Juquinha se encastelou; sumiu; nem nos aniversários aparece mais. Agora então! Coitado do Juquinha; essa história da Petrobrás e da Eletrobrás deve estar acabando com ele!
Quando estoura um novo escândalo logo a gente se lembra do Juquinha. Eu tenho uma consideração muito grande por ele; somos amigos desde a adolescência e eu gostava de política, de falar de política, de ligar os fatos e acontecimentos à política. A nossa turma detestava “essa conversa”; então, “altos papos” sobre política, só com o Juquinha! Sobre mulher e política ele dizia: que a mulher era mais necessária “na rua” do que dentro de casa, porque era na rua que as coisas aconteciam; que o mundo doméstico era pequeno demais para quem queria “liberdade, igualdade e justiça para todos” porque esses ideais eram muito femininos; que a mulher poderia trabalhar fora, cuidar da carreira, dos interesses da sua categoria, dos interesses da sua comunidade, ajudar na igreja e nas entidades, sem jamais perder a graça e a capacidade de bem educar seus filhos; que quando as mulheres participam das decisões elas são mais justas porque a mulher é o único ser que sabe cuidar e compreender os homens e as mulheres.
Suas teses eram sempre precedidas de um: “você quer apostar?” E uma vez ele disse: “você quer apostar que quando as nações forem governadas também por mulheres haverá menos pobreza, mais desenvolvimento e menos corrupção?”. Concordo com Juquinha, mas sou obrigada a discordar que a que nos governa, não possui tais atributos; ao contrário, acho que a vida de guerrilheira e a sua familiaridade com as armas acabaram afetando a sua natureza; o seu governo alimenta a dependência e se alimenta dela; compromete o desenvolvimento com políticas econômicas desastrosas; desprotege as instituições e se apropria delas; e ainda trata com desprezo a corrupção. .
Juquinha sonhava com parlamentos mistos, “meio a meio”, homens e mulheres fazendo as leis. O pai de Juquinha morreu quando ele tinha dez anos e a mãe – super gente boa, era professora primária e fazia um inesquecível suco de melancia – criou os cinco filhos com a ajuda da avó. Esse meu amigo, o Juquinha do PT, sempre teve grandes mulheres por perto, mas errou na escolha da própria (seu casamento não deu certo) e deve ter errado na escolha da presidente. Estamos sentindo falta do Juquinha na turma; ele era um idealista, ético, ponderado e sonhava com um Brasil para todos os brasileiros e não só para “todos os companheiros”. Sabemos que Juquinha está sofrendo de uma doença bem triste: a decepção.
Tieza Lemos Marques é funcionária pública estadual aposentada (assistente social), jornalista, radialista, vereadora pelo PSDB em Araçatuba – SP; integrante do movimento de mulheres do PSDB.

