Opinião

Até quando vão usar o dinheiro do povo para investir no exterior?

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Mara Gabrilli – O jornal O Estado de São Paulo dessa quinta-feira (20/03) trouxe grave denúncia sobre a compra no mínimo suspeita de uma refinaria no Texas, pela Petrobras, com anuência da presidente Dilma, que à época era Ministra da Casa Civil.

Segundo a reportagem, o conselho da Petrobrás autorizou, com apoio de Dilma, a compra de 50% da refinaria por 360 milhões de dólares. Depois comprou o restante, desembolsando cerca de 1,18 bilhão de dólares, ou aproximadamente R$ 2,76 bilhões. Quatro anos antes, essa mesma refinaria havia sido adquirida por belgas por “apenas” U$ 42,5 milhões.

Na semana passada conseguimos aprovar na Câmara dos Deputados a criação de uma comissão externa para fiscalizar a denúncia de corrupção naquela que representa para nós um dos maiores patrimônios brasileiros, que é a Petrobras. O PT tentou obstruir a votação, utilizando instrumentos previstos no regimento interno para postergar a votação, mas a Câmara mostrou soberania e responsabilidade de maneira suprapartidária, criando a comissão para fiscalizar essas denúncias.

Aliás, é mais um caso de denúncia envolvendo o Governo brasileiro. De alguns anos para cá países da América do Sul e da África encontraram no BNDES e no aval da Presidência da República, gestões Lula e Dilma, a anuência para financiamentos bilionários nem sempre transparentes, como é o caso do porto de Mariel, em Cuba, que recebeu 682 milhões de DÓLARES do banco via Odebrecht.

Nossos países vizinhos estão com uma série de obras públicas previstas ou em andamento, muitas delas tocadas por grandes empreiteiras brasileiras como OAS, Odebrecht, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa. Citando dois casos, a Odebrecht atua na ampliação do metrô de Caracas, capital da Venezuela. No Uruguai, o presidente Pepe Mujica abriu licitação para construção de uma penitenciária em Montevidéu, e brasileiras entraram na disputa pela
construção da obra. Colômbia, Equador e Bolívia completam a lista de obras das empresas brasileiras que recorrem ao BNDES.

Com a criação da Comissão para fiscalizar a Petrobras, conseguimos também aprovar a convocação de alguns Ministros para que expliquem uma série de absurdos. Por exemplo, o Ministro Agnaldo Ribeiro, das Cidades, para explicar por que ao invés de investir em mobilidade urbana brasileira, de investir em metrô e em transporte público, como exige o povo brasileiro que tanto foi para as ruas, o Governo investe bilhões em Cuba. Agora, já fala-se em investir mais 1 bilhão de dólares num porto no Paraguai, e não se investe em transporte público.

Convocamos o Ministro Gilberto Carvalho, pra que explique outras tantas coisas, inclusive o que ele disse, que acha normal o BNDES, a Caixa Econômica, e a própria Petrobras, financiarem a vinda de movimentos que se disseram sociais e recentemente vieram à Brasília tentar invadir o Supremo Tribunal Federal. Nesse caso lamentável o MST veio à Brasília, se dizendo MST, mas agindo como vândalos, agredindo policiais, e vieram financiados com dinheiro público. E o Ministro Gilberto Carvalho diz que não, que o Governo vai continuar financiando essa turma. Vai continuar financiando quem faz quebra-quebra, Ministro Gilberto Carvalho? O senhor tem que dar explicação para o povo brasileiro.

O Ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral, tem que explicar quais ações a Controladoria Geral está fazendo para inibir esses abusos com o dinheiro público. E também o Ministro Manuel Dias, para que explique como é que o Ministério do Trabalho vê a exploração do trabalho do médico cubano, que é contratado por um valor e o dinheiro vai para financiar a ditadura de Cuba.

O papel dos deputados, além de propor leis, é de representar o povo e fiscalizar o que tem quer ser fiscalizado, cobrando as mudanças que o Brasil precisa, principalmente com mais investimento na saúde e na educação. Essas convocações significam o puro exercício da nossa democracia.