Opinião

“Qual o valor da energia?”

Elena-Landau-Foto-Divulgacao--300x198.jpgDesde setembro de 2012, quando a presidente resolveu que iria reduzir as tarifas de energia artificialmente, que nada no setor elétrico faz mais sentido. Dilma, em um ano, destruiu seu próprio modelo e deixou as distribuidoras sem energia contratada, obrigando-as a correr o risco de comprar energia no mercado. Um período de seca prolongada, que aumentou significativamente o preço da energia, veio para agravar essa desordem criada pela falta de planejamento e gestão e excesso de intervenção estatal.

Era natural que, diante desse cenário, as tarifas subissem e consumidores, como eu, pudessem se organizar para gastar menos, fazendo uma economia consciente desse bem escasso que é energia. Mas o populismo tarifário falou mais alto e os consumidores só sabem da crise pelos jornais porque no seu orçamento nada mudou. Ninguém sabe quanto de fato custa a energia que está consumindo e, portanto, não tem como decidir racionalmente seu consumo. Passadas as eleições, a verdadeira conta vai chegar. E aí será tarde para economizar.

O que não explicaram para consumidores é que eles já estão pagando de forma indireta: bilhões de recursos públicos foram gastos para manter essa realidade paralela. Bilhões que poderiam ter sido usados em educação ou saúde, ou gastos sociais como Bolsa Família. Melhor seria simplesmente não terem sido gastos para não agravar ainda mais as contas públicas. E o pior: isto significa que vamos todos pagar duas vezes e bem mais caro. Não existe essa história que hoje paga o contribuinte e, depois das eleições, o usuário. Num país que se orgulha de ter universalizado o serviço, contribuintes e usuários são a mesma pessoa. Então, vejamos essa conta: pagamos hoje com nossos impostos e/ou com mais gastos (e mais inflação) e também pagaremos em 2015 as tarifas de hoje, com correção e juros, já que parte desse populismo tarifário vai ser financiada por empréstimos. Ninguém perguntou às empresas se elas gostariam de se endividar ou ao usuário de energia se ele gostaria de financiar desse jeito a campanha eleitoral da atual presidente.

Só esse governo acha que pode haver escassez de um bem e, ao mesmo tempo, subsídio do seu preço sem gerar consumo ainda maior daquilo que não existe. Não nos esqueçamos de que esse consumo irresponsável vem gerando impactos ambientais graves, já que, para manter o mundo da fantasia, térmicas de todos os tipos estão ligadas continuamente. A ausência de qualquer menção ao consumo consciente de energia só é justificada pela politização que a presidente fez do racionamento de 2001. Agora ela está imobilizada, seu feitiço virou contra si própria. Ajudaria muito liberar as tarifas para que sinais de preço levassem o consumidor a organizar seu orçamento. Fica por último a pergunta: ano que vem o governo vai financiar o usuário que acreditou no governo e achou que a energia vinha de graça?

Elena Landau