Opinião

“‘Saúde feminina doente’ deveria ser o novo slogan do Governo”, por Mara Gabrilli

Foto: George Gianni/PSDB

mara-gabrilli-foto-george-gianni-psdb-11-300x199Não é novidade para nenhum brasileiro a realidade da saúde pública no país. Mas não dá para calar-se quando assistimos o governo criar medidas que tornarão o que já é precário ainda pior. Uma recente portaria (nº 1.253/13) diminuiu o repasse de verbas da União aos municípios para realização da mamografia, restringindo o acesso às pacientes entre 50 e 69 anos.

Caso queiram realizar o exame em mulheres de até 49 anos, as prefeituras receberão verba apenas para a realização da mamografia unilateral, ou seja, exame realizado em um seio. É o mesmo que o SUS oferecer a prótese de uma perna só para uma pessoa amputada das duas.

O governo está retrocedendo um serviço que deveria ser expandido e aprimorado, por exemplo, às mulheres com deficiência, que encontram enormes dificuldades para realizar o exame por falta de equipamentos adaptados em todo o País. Essas mulheres ficam sem acesso aos serviços de saúde comuns como a realização de exames preventivos a doenças como câncer de mama e colo do útero.

Os postos de saúde não oferecem espaços acessíveis, tampouco equipamentos adaptados. E as dificuldades são ainda maiores para ter acesso a um pré-natal.

Essa realidade só mudou um pouco em São Paulo com a implantação do Projeto Saúde da Mulher com Deficiência no Hospital Municipal Maternidade da Vila Nova Cachoeirinha. Agora imaginem : se o serviço até então pioneiro em São Paulo – a cidade onde tudo acontece -, imagine a situação em outros lugares, já que esse serviço também é oferecido a mulheres idosas e obesas. Quantas mulheres são tolhidas do direito básico à saúde?

Só no ano de 2014, 57 mil novos casos de câncer de mama serão diagnosticados no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2035, 24 milhões de pessoas serão atingidas pela doença, que é a mais frequente e principal causa de morte por câncer em mulheres em todo o mundo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, cerca de 25% dos casos de câncer de mama no Brasil são detectados nas mulheres com idade entre 40 e 50 anos. Quando restringimos o acesso a qualquer ação de prevenção, estamos automaticamente aumentando gastos futuros, uma vez que o custo de um tratamento é muito superior ao de um exame. Sem contar no prejuízo indelével que um câncer pode causar a vida de uma família inteira

A mesma gestão que aprovou a legislação que obriga o Sistema Único de Saúde a realizar a mamografia em mulheres acima dos 40 anos é a que agora subtrai esse direito. Mulheres ficarão doentes enquanto o Governo comanda uma gastança absurda e injustificada, com o Planalto desembolsando fortunas em propagandas oficias. Tudo isso em uma nação, que, diga-se de passagem, é comandada por uma mulher.

*Mara Gabrilli é deputada federal pelo PSDB de São Paulo