Em tempos nos quais ouvimos tanto sobre violência, estarrecidos com o que acontece nos lares e nas ruas, dentro e entre países, com as mulheres e nossas crianças, temos a tendência de partir para o ataque (ou contra-ataque), o que não colabora para mudar esta situação.
Eventos sobre violência são, muitas vezes, conduzidos também de forma violenta e agressiva, como tema isolado e não com proposituras dentro de um contexto mais global. Deles, saímos piores do que entramos.
Se trabalharmos somente com medidas punitivas, necessárias, mas não suficientes, pouco vamos colaborar para que o mundo se torne menos violento.
É preciso um olhar novo e, neste contexto, nós mulheres podemos ser agentes desta mudança, pois o olhar mais inclusivo, tão peculiar no nosso dia a dia, é fundamental para a construção de novos conceitos, fundamentados em pilares para uma sociedade mais justa e igualitária.
Quando países entram em guerra, por exemplo, são as mulheres que mais sofrem com os seus filhos e maridos e com todas as formas de violência e carências. Homens decidem pela guerra (ou a indústria bélica comandada por eles) e na hora de negociar a paz, são os homens novamente que se sentam às mesas de negociação. Cabe imaginar como seriam estas negociações com a participação das mulheres.
Não podemos mais admitir a imagem em que somos enquadradas, como vítimas ou infelizes. Somos capazes, aliás, muito capazes e esta deve ser a nossa imagem. Devemos lutar por oportunidades que redundarão em mais independência e participação. O que ainda falta são oportunidades para desenvolver um crescimento equilibrado e inclusivo do gênero, que passa pela ampliação do acesso das mulheres a educação, recursos financeiros, trabalho e mercado.
Tudo isto envolve política, espaço este onde as decisões são tomadas. Envolve uma luta incessante para a participação das mulheres com voz institucional nas estruturas partidárias, que foram criadas de forma tão patriarcal. É preciso um olhar de seleção sobre os que realmente nos ajudam, homens e mulheres.
É preciso uma análise criteriosa sobre o terceiro setor, tão fortemente ocupado pelas mulheres e tão defendido pela nossa saudosa Ruth Cardoso, no programa Comunidade Solidária. Talvez seja este um dos caminhos no sentido de dar voz às mulheres e de tomar decisões nas famílias e comunidades.
Já estamos participando desta mudança, mas é preciso mais. É preciso apoio e reconhecimento. É preciso envolvimento de todas as mulheres. É preciso esperança e ação.
Que venham as mulheres da paz!
Segunda vice-presidente do PSDB-Mulher