Opinião

“Quem cuida dos homens?”, por Sandra Quezado

Sandra QuezadoÉ sabido que as mulheres lutam, há mais de 80 anos, por mais educação, formação, acessibilidade, independência, autonomia, paridade, isonomia, conhecimento, espaço, saúde, segurança, ambiente, voto…. A mulher que pouco tinha, se esforça para conquistar direitos e formar uma nova mulher, antenada com o mundo, capaz, criativa, produtiva. De outro lado, a metade masculina é, na maioria, os homens de sempre. Há que se perguntar, diante dos novos tempos, para onde caminham os homens? Quem cuida deles? Qual movimento promove e aperfeiçoa o homem tornando-o melhor cidadão, respeitoso, cioso de seus deveres e responsabilidades, apoio da família e exemplo para os filhos? A resposta é: ninguém! Ninguém está tomando conta dos homens. É o que revela mais uma notícia de um jornal de domingo que diz: “…em 2012, a cada dez minutos, pelo menos uma mulher foi vítima de lesão corporal dolosa no Rio de Janeiro.”

É possível ter uma ideia do que isso significa? Leio a notícia inteira e faço contas…é uma guerra perdida! Leio de novo e vejo que não são só as mulheres….as meninas também estão sendo gravemente, irrecuperavelmente, agredidas na faixa de 10 a 14 anos. A minha angústia cresce quando percebo que nada farei até que termine os dez minutos que gasto no computador para organizar essa minha indignação e antes que os novos dez comecem e mais mulheres comecem a ser espancadas de novo…

Não sei por onde começar… mas sei que algo precisa ser feito. Não adianta entregarmos relatórios para a Presidente, não adianta sabermos quantas mulheres são agredidas por minuto… se não fizermos alguma coisa para ajudar na transformação dos homens, não vai haver paz para as mulheres.

A reportagem de página inteira do Jornal fala das agressões do marido, do companheiro, do abusador, mas não traz em nenhum momento um questionamento ou análise sobre esse comportamento masculino irascível e antinatural. A socióloga que contribuiu para a matéria apenas esclarece as estatísticas, atribuindo o aumento da violência às denúncias das mulheres. O agressor é tratado como se fosse uma catástrofe da natureza: inevitável. O que fazer com um homem, pai de família, que não hesita em furar os olhos da companheira porque tem ciúmes dela com a família ou com o celular? O que fazer com um homem que ataca a socos e quebra o nariz da mulher numa festa diante de todos?

“A cada hora, sete surras” é a manchete.

Precisamos cuidar dos homens. Por onde começar?
Sandra Quezado
Presidente do PSDB-MULHER/DF