Opinião

“A ditadura, as Diretas e o novo Brasil”, por Danilo de Castro

Danilo de Castro Divulgação Segov2Homens públicos que somos, muitos de nós, eleitos pelo povo brasileiro para representá-los, temos o dever de olhar para as ruas e com elas, aprender que existe uma grande dívida a ser definitivamente saldada.

Nos últimos 50 anos, por diversos momentos, a população brasileira deu o seu recado sem precisar de bandeiras partidárias. E demorando ou não, as gerações de homens públicos foram capazes de ouvir o clamor popular e tentaram contribuir para a mudança institucional.

Neste período, todos nós sabemos, a mais dura das transições veio com os longos anos de chumbo da ditadura militar. Milhares de manifestantes – com bandeiras ou não – foram torturados, mortos e exilados. E foram suas dores e sangue que motivaram o movimento popular pelas Diretas Já. Das ruas,conseguimos a redemocratização do país.

Em seu artigo desta semana no jornal Folha de S. Paulo, o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, fala sobre esse timing da percepção dos políticos e homens públicos sobre o que a população exige. O inconformismo das ruas não tem bandeiras partidárias. É muito maior do que isso.

Foi assim também com o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, quando os “caras pintadas” exigiram uma mudança profunda no país. Suas vozes foram escutadas pelo Congresso Nacional.

Nos últimos dez anos, o governo do PT foi alimentando um novo caldeirão de insatisfação popular. Escândalos como o mensalão, a queda quase semanal de ministros de Estado por envolvimento em atos ilícitos, a inoperância administrativa e o aparelhamento da máquina pública por militantes partidários foram ingredientes lançados pouco a pouco na fervura.

O PT fez tudo para tentar vender um “Brasil cor-de-rosa”, enquanto a realidade que se via nos lares dos trabalhadores era outra. A volta da inflação, a péssima qualidade dos serviços públicos, principalmente, na saúde, educação, segurança e transportes; a corrupção endêmica dentro do governo federal e a falta de perspectiva de futuro não cabiam mais debaixo do tapete da Presidência da República.

O Brasil explodiu mais uma vez. A população está nas ruas e sabe muito bem o que quer.

É chegada a hora dos homens públicos desta geração assumirem a parcela de ação que lhes cabe neste momento. Se o PT e a presidente Dilma Rousseff continuam na estratégia de transferir responsabilidades, nós do PSDB não nos furtaremos a entender a mensagem das ruas.

*Secretário de Estado de Governo de Minas Gerais