Ao travar uma batalha de quase 19 horas no plenário do Congresso contra a institucionalização do calote da presidente Dilma Rousseff, a oposição deu um exemplo de que, unida e organizada, é capaz de resistir às investidas mais agressivas da base de apoio ao Palácio do Planalto. “Estou convencido de que valeu a nossa resistência. Procuramos oferecer um bom exemplo de como se deve comportar um parlamentar que defende os interesses da população brasileira”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), logo após o encerramento da sessão, que começou por volta das 10h20 de quarta-feira (3) e foi encerrada aproximadamente às 5h de hoje.
A mobilização, segundo ele, deve ser repetida na terça-feira (9), quando o Congresso retoma a votação do projeto governista que acaba com a meta do superávit (poupança para pagamento da dívida pública), o PLN 36/14. “Vamos continuar trabalhando sabendo que é muito duro lutar contra um governo que não tem escrúpulo nem medida”, garantiu o tucano.
Base desgovernada – Perto das 4h, o governo conseguiu a aprovação do texto-base da proposta que autoriza um abatimento sem limite da meta de resultado primário do ano, que é de R$ 116,1 bilhões. No entanto, esbarrou na falta de quórum quando foi colocado em votação o último dos quatro destaques apresentados à matéria. Proposto pelo líder da Minoria, Domingos Sávio (MG), ele tenta limitar as despesas correntes discricionárias (que o governo pode escolher se executa ou não) ao montante executado no ano anterior.
Diante da desmobilização dos aliados do governo petista, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), teve que encerrar os trabalhos e convocar nossa sessão ao meio-dia da próxima terça (9). “Tivemos sucesso. Adiamos para a semana que vem a conclusão da votação desse famigerado projeto que tenta destruir a Lei de Responsabilidade Fiscal”, festejou Sávio em vídeo postado no Facebook. “Vamos continuar lutando porque não podemos perder a esperança no nosso Brasil”, emendou o parlamentar.
Na mesma rede social, o deputado Bruno Araújo (PE) afirmou que espera de Renan uma conduta diferente da que adotou na longa sessão, quando impediu que populares a acompanhassem das galerias sob os aplausos e elogios dos governistas. “Conseguimos adiar para a próxima terça o que seria uma vitória do governo e uma derrota da população brasileira. Agora, é esperar que o senador Renan não proíba a população de participar da votação”, declarou o parlamentar, que preside o diretório regional do PSDB em Pernambuco. “Continuamos firmes representando o conjunto daqueles que se opõem a esse governo do PT, à irresponsabilidade e à gastança do dinheiro público.”
Segundo o deputado Marcus Pestana (MG), a esperança, agora, é o Supremo Tribunal Federal (STF). “Há cinco ações pedindo anulação das sessões por condutas antirregimentais de Renan Calheiros. Estão nas mãos dos ministros Luiz Fux e Celso de Mello.”
Do Portal do PSDB na Câmara/Foto: Alexssandro Loyola