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Manifestantes voltam ao Congresso e são impedidos de acompanhar sessão

Lobão no Congresso c manifestantesManifestantes voltaram ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (3) para protestar contra o projeto que libera o governo de cumprir a meta fiscal deste ano. Desta vez, foram impedidos de entrar. Alguns cidadãos presenciaram o tumulto nas galerias da Câmara na noite de terça-feira e chegaram a ser expulsos e agredidos por seguranças depois de decisão do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). Agindo em nome do governo, o peemedebista pediu para que os populares fossem retirados da área destinada a visitantes.

Vindos de diversas partes do país, os manifestantes deixaram claro que não estão agindo em prol de causas partidárias, mas em defesa da nação e contra a audácia do governo em tentar mudar a lei para legalizar o calote nas contas públicas. O PLN 36/14 vai contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição Federal. Ele pretende liberar a presidente Dilma de fazer economia para pagamento da dívida pública, o chamado superávit primário.

“Participo de manifestações desde a reabertura do Congresso após a ditatura. Sou uma cidadã conscientizada e politizada e estou aqui devido à gravidade do que estão querendo votar”, disse a aposentada Ruth Gomes de Sá, de 79 anos, que na véspera foi agredida por policiais legislativos e arrastada pelo pescoço por um deles, como foi registrado por diversas equipes de TV.

A aposentada disse à reportagem do PSDB na Câmara que é uma desonestidade a presidente Dilma fazer barganha com os parlamentares para conseguir a aprovação da proposta. Ela se referia à edição de decreto que condiciona a liberação de R$ 444,7 milhões em emendas parlamentares individuais à votação.

“É por isso que estamos aqui para protestar. Cada um aqui veio de um lugar, não nos conhecíamos, mas viemos todos com o mesmo propósito”, afirmou. Quanto às agressões que sofreu, dona Ruth registrou boletim de ocorrência e disse que vai recorrer à Justiça contra a Polícia Legislativa.

O biólogo André Laudanna, 34 anos, veio de Ilhabela (SP) para participar de um evento em Brasília e disse ter se sentido motivado a comparecer ao Congresso para se manifestar contra a proposta absurda do governo. Laudanna reclamou da truculência de parlamentares governistas, sobretudo do presidente do Congresso por impedir a entrada de visitantes contrários à proposta.

“É um absurdo e só mostra qual é a intenção dele e das pessoas que ele defende, que é governar para eles e não pelo povo. É o poder pelo poder. Não querem ouvir a população e se sentem superiores”. O rapaz disse que a confusão do dia anterior nada teve a ver com xingamentos a parlamentarem, pois isso não ocorreu. O que aconteceu, segundo ele, foi que que os manifestantes que conseguiram entrar na galeria protestavam pela liberação da entrada dos barrados. Na avaliação do biólogo, se as coisas continuarem assim, “os próximos quatro anos serão de muitas manifestações.”

O cantor Lobão se juntou aos manifestantes e exigiu a entrada no Congresso. “É inadmissível o pessoal não entrar. Isso é uma ditadura”, afirmou ao portal “G1”. O artista foi recebido pelo líder do DEM, Mendonça Filho (PE), e se dirigiu ao Salão Verde para acompanhar a votação. Ele quer pressionar os parlamentares pela abertura das galerias aos populares.

A estudante brasiliense Fernanda, de 24 anos, rechaçou acusações de que os manifestantes seriam militantes de partidos da oposição. Ela disse ter ido ao Congresso por se sentir insatisfeita com a atitude comandada pelo Planalto. “Virou palhaçada o que estão fazendo. O governo não cumpre a lei e aí simplesmente muda a lei? Não dá para aceitar. É nosso direito protestar e é o que vamos fazer, viemos porque nos importamos com o país, mas quando chegamos somos barrados. Isso é um absurdo pois cresci ouvindo que aqui era a casa do povo, e agora que aqui estou não posso entrar. Depois dizem que não estamos vivendo uma ditadura”, lamentou.

O batalhão de operações especiais da Polícia Militar do Distrito Federal foi acionado e fez uma barreira em frente à entrada principal do Congresso Nacional para impedir que os cidadãos entrem na Câmara e no Senado.

Do Portal do PSDB na Câmara/Foto: Laycer Tomaz