O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, agradeceu publicamente o apoio recebido da presidenciável do PSB, Marina Silva, neste domingo (12/10), e disse que a atitude representa um novo momento de sua caminhada no segundo turno da eleição. Em entrevista após a visita ao Santuário de Aparecida (SP), no Dia da Padroeira, ele explicou que o Brasil tem a oportunidade de encerrar um ciclo perverso de governo, que fracassou na gestão do Estado e nos compromissos éticos e sociais com a população.
“Portanto, hoje sob as bênçãos da nossa padroeira, é um dia glorioso para nossa caminhada. Recebo com muita emoção e com enorme responsabilidade a manifestação da companheira Marina Silva. A partir de agora, somos um só corpo, um só projeto em favor do Brasil e em favor dos brasileiros”, afirmou. “Marina representa o sentimento de uma parcela muito expressiva da sociedade brasileira, que quer voltar acreditar na política como um instrumento de transformação da vida das pessoas”, acrescentou.
Aécio já havia recebido o apoio do PSB e também de outros partidos que tiveram candidatos presidenciais no primeiro turno, como PV e PSC, além do PPS, que apoiou Marina na fase inicial da disputa. Para Aécio, a aliança que se forma em torno de seu nome é que cria esse novo momento de sua campanha. “A minha candidatura não é mais a candidatura de um partido político, não é a candidatura sequer de uma aliança partidária. É uma candidatura que representa o profundo sentimento de mudança que hoje se alastra pela sociedade brasileira”, disse.
Ele destacou a responsabilidade que esses apoios representam. “Saberei conduzir esta bandeira com dignidade, retidão e com coragem. Porque o que está em jogo não é a eleição de um candidato, a derrota de uma candidata ou vice versa. O que está em jogo é algo muito mais valioso”, afirmou. Para Aécio, o Brasil tem a possibilidade de se reencontrar com seu próprio futuro e de “encerrar este ciclo perverso de governo que aí está, que fracassou na economia, na gestão do Estado, na busca pela melhora dos nossos indicadores sociais e – o que é mais grave – nos exemplos éticos e morais que deveria dar aos brasileiros, para podermos iniciar um novo e virtuoso ciclo, onde a decência e a eficiência possam caminhar juntos”.
Aécio saudou a chegada de Marina à campanha do segundo turno, “dos seus valores, do seu imenso amor ao Brasil, da sua historia de vida”. “Eu recebo com enorme alegria a manifestação que houve [de Marina neste domingo]”, disse. O candidato afirmou que conversou por telefone com a ex-senadora na noite de sábado (11/10), ocasião em que ela antecipou a decisão de apoiá-lo.
“Obviamente não cabia a mim anunciá-la antes dela própria. Pelo contrário, respeitar o seu tempo. Ela é representante de um segmento de pensamento na sociedade brasileira e teve as etapas de conversas com aqueles que a acompanham”, afirmou.
Para o candidato da Coligação Muda Brasil, a atitude de Marina vai além do apoio eleitoral. “É uma decisão que engrandece a boa política brasileira, e acredito que nós iniciamos já essa reta final e decisiva do segundo turno demonstrando que o Brasil tem possibilidades não apenas de vencer o atual governo que aí está, que demonstra desespero em todas as suas últimas ações para se manter no poder, como temos as melhores condições para governar juntos o Brasil.”
Aécio disse que seu plano de governo e o de Marina têm convergências e lembrou do documento entregue no sábado aos integrantes do PSB que o apoiaram, no Recife (PE). “E aqui uma palavra também pública de agradecimento à manifestação, não apenas do PSB nacional e local que eu já havia feito, mas a Renata Campos, viúva do meu amigo Eduardo Campos, e de toda a sua família. Foi, para mim, um momento extremamente marcante”, disse.
Dilma nervosa
Aécio foi perguntado sobre os ataques que vem recebendo da campanha da campanha da petista Dilma Rousseff, entre eles a afirmação de que seu primeiro cargo público, na década de 1980, na Caixa Econômica Federal, foi por indicação política. Ele disse que a candidata demonstra nervosismo e desespero. “Nós estamos vendo uma candidata desesperada, à beira de um ataque de nervos. Os ataques que ela tem a me fazer, na verdade, estão no meu currículo. Eu ocupei todos os cargos públicos com extrema dignidade, aqueles para os quais fui nomeado e aqueles que, durante 30 anos, eu ocupei pelo voto popular”, afirmou.
Na sequência, ele comparou sua vida pública com a carreira política de Dilma: “Uma trajetória muito diferente, poderíamos dizer até oposta à dela, que construiu toda a sua vida pública por indicações. Não considero isso um demérito, talvez a grande diferença seja que, em todos os cargos que ocupei, eu os honrei, agi com dignidade e com decência. Não podemos dizer a mesma coisa dos indicados da presidente da República, podem escolher a área. Se não tiver te ocorrendo nenhuma, podemos escolher a Petrobras mesmo”.