Nos seus oito anos de mandato, o ex-presidente Lula enfrentou denúncias de corrupção na alta cúpula do Governo, pensou que ia cair junto com o mensalão, mas atravessou incólume duas reeleições seguidas: a sua e a da candidata e atual presidente Dilma Rousseff.
Todos os analistas atribuem esta performance de Lula ao uso eleitoral dos programas sociais e ao desempenho da economia, setor que ele conseguiu blindar mantendo a política econômica de Fernando Henrique, apesar dos amuos e do olhar enviesado de radicais do PT, o que garantiu que o país mantivesse em nível razoável o índice de emprego e não sucumbisse diante das crises internacionais.
Da mesma forma, afirma-se agora, que a presidente Dilma terá sérias dificuldades de vencer a eleição de outubro apesar de ainda figurar nas pesquisas muito na frente dos outros prováveis competidores.
Esta semana, a presidente, que vem atravessando percalços seguidos, viu o país ser rebaixado pela renomada agência de classificação de riscos Standard & Poor´s, o que significa que vai ficar mais difícil obter investimentos externos, e o próprio Banco Central foi obrigado a divulgar sua previsão de um crescimento de apenas 2% da economia este ano ao lado de um crescimento de 6,1% da inflação, acima de meta estabelecida pelo próprio Governo.
Com a economia em declínio, o povo insatisfeito com os serviços públicos, a violência aumentando e mais a informação de que o Senado vai fazer uma CPI para apurar desmandos e desvios de recursos públicos na principal estatal brasileira, a Petrobrás, a presidente não poderia ter recebido notícia pior do que a pesquisa CNI/Ibope que acusou uma queda de 7% na avaliação do seu governo.
Causou perplexidade, porém, que, logo após a divulgação da pesquisa, a Bolsa de Valores de São Paulo registrasse uma alta de 2,39% atingindo 49.113 pontos, patamar não alcançado desde 22 de janeiro, quando chegou aos 49 mil pontos.
Diante de tantas notícias ruins, exatamente na economia, o que teria levado o mercado a reagir fazendo a bolsa subir? Analistas ouvidos pela imprensa nacional afirmaram simplesmente que a pesquisa CNI/Ibope animou os investidores da bolsa porque está mais difícil Dilma se reeleger.
“O mercado vê a queda de Dilma como uma janela a ser explorada pela oposição, aumentando a possibilidade de haver segundo turno” – disse um deles ao jornal Folha de São Paulo.
O que isto significa? Que aumenta o número dos que estão temendo mais um mandato da presidente e o mercado não faz questão de perder uns trocados desde que Dilma reduza suas chances de continuar no Governo.
Com tanta gente disposta a vê-la pelas costas, Dilma vai ter mais dificuldade para convencer a maioria da população de que merece um crédito de confiança. Se as coisas continuarem como estão, sua tendência é cair ainda mais à medida que a campanha eleitoral for esquentando.
Terezinha Nunes é deputada estadual do PSDB-PE