Brasília – O movimento das Diretas-Já foi o mais representativo e popular da história do Brasil. A avaliação é de Thelma de Oliveira, vice-presidente do PSDB Mulher e viúva de Dante de Oliveira, que era deputado que, em 1983, apresentou uma emenda pelo restabelecimento das eleições diretas no Brasil, derrubada meses depois pelo Congresso.
O Senado promove nesta segunda-feira (24) sessão solene em homenagem aos 30 anos das Diretas-Já. A sessão solene foi proposta pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
Em 12 de janeiro de 1984, Dias participou de um comício em Curitiba que foi considerado como a primeira grande reunião da mobilização.
“Foi um movimento espontâneo, alegre, pacífico, voltado à democracia. Houve muita participação de políticos e artistas, mas quem ocupava a posição de destaque era o próprio povo, as pessoas que lotavam os comícios e davam suas opiniões”, afirmou Thelma.
Mobilização
A emenda Dante de Oliveira foi proposta pelo então deputado em 1983 e, a partir do início do ano seguinte, mobilizou os brasileiros que queriam a volta das eleições diretas para a Presidência da República.Na época, o país vivia os últimos anos da ditadura estabelecida em 1964. Já havia a definição de que o presidente João Baptista Figueiredo transmitiria o cargo para um civil, mas o modo sucessório não estava confirmado.
O comício de 12 janeiro de 1984, em Curitiba, foi a primeira grande mobilização a favor das Diretas. Depois dele, ocorreram encontros em todo o Brasil – um deles, em 25 de janeiro de 1984, em São Paulo, reuniu 300 mil pessoas.
Thelma de Oliveira destacou que os grandes comícios surgiram da consolidação de um trabalho iniciado muito tempo antes, por Dante e outros líderes da época. “Antes de reunirmos milhares de pessoas, corríamos sindicatos, associações de bairro, e outras tantas atividades em que poderíamos conversar com a população. Foi um grande trabalho ‘de formiguinha’, uma forte luta pela democracia”, apontou.
Rejeição
Apesar da mobilização, a emenda foi rejeitada pelo Congresso em 26 de abril de 1984. Na votação, houve 298 votos favoráveis – 22 menos do que o necessário para a sua aprovação. Thelma, que assistiu à votação na galeria da Câmara dos Deputados, recordou que o momento da rejeição foi marcado por um misto de tristeza e renovação de esperanças.
“Houve muito choro, muita frustração. O Brasil todo se preparou para aquilo e, de repente, a proposta estava rejeitada. Mas vimos também um forte trabalho dos líderes no sentido de que a mobilização não parasse. E, o Brasil acabou restabelecendo as eleições diretas tempos depois”, afirmou Thelma de Oliveira.
Reconhecimento
Após sua atuação na Câmara, Dante de Oliveira elegeu-se prefeito de Cuiabá e governador de Mato Grosso. É lembrado, segundo Thelma, como um dos políticos mais importantes da história do estado. Ele morreu em 2006, quando era candidato pelo PSDB a mais um mandato de deputado federal.
“Falar sobre ele e ter participado de todo aquele momento dá muito orgulho. Não só a nós, que fomos da família, mas também a todo o estado. É um legado que permanece, mesmo tantos anos depois”, destacou Thelma.