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‘Se PSDB virar sublegenda de Bolsonaro, metade do partido sai’ diz Yeda ao O Globo

Foto: Dennys William

Em entrevista ao jornal O Globo, a pré-candidata a presidente nacional do PSDB na eleição que acontecerá em maio do próximo ano, a deputada federal Yeda Crusius (RS) comentou atual situação do partido e declaração dada por ex-presidente Fernando Henrique à revista Veja.  À reportagem, FHC afirmou que deixará o partido se o PSDB virar “sublegenda do governo”. Yeda disse que um eventual apoio oficial do PSDB ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) levaria a uma debandada do partido

“Não acredito que isso pode acontecer. Se virar sublegenda do governo, metade do PSDB sai. Por isso, não vamos virar uma sublegenda”, afirmou Yeda.

A candidatura da deputada e atual presidente do PSDB-Mulher a presidente nacional do PSDB foi apresentada semana passada em Brasília, com apoio da bancada feminina. A eleição para eleger a nova direção do partido está marcada para maio de 2019.

Yeda disse ter convicção de que o presidente de honra da legenda não sairá do PSDB porque, segundo ela, não existe possibilidade hoje de adesão ao governo de Bolsonaro.

“Essa não é uma discussão existente. Aliás, o governo Bolsonaro nem aventa que o PSDB entre para seu governo. Mas, de repente, tem gente pensando nisso e achando que fosse importante ser um apenso. Foi para determinadas opiniões que ele fez essa declaração. Ele (FH) tem toda a razão”, disse a deputada.

Na entrevista, Fernando Henrique orienta sobre o que considera o caminho da reconstrução do PSDB. Para ele, o partido não pode “cometer o erro de ser uma sublegenda do governo” nem de ser “oposição sistemática estilo PT”.

“Acho que o PSDB ganha quando ele não é ideológico, quando ele tem pragmatismo com valores, não o pragmatismo do oportunismo clientelístico. Será que o PSDB vai ser capaz de se reorganizar de uma forma mais equilibrada? Se ele não for, estou fora”, declarou FHC.

“O PSDB é um partido necessário. Quem elegeu 29 deputados federais não é um nanico. É verdadeiro o que ele diz que nascemos para ser o contrário de um apenso ao poder central”,  comentou Yeda.

O maior entusiasta de uma aproximação com o governo Bolsonaro no PSDB é o governador eleito de São Paulo João Doria. O GLOBO procurou o tucano, mas ele não quis comentar a declaração de FHC. Aliados dele entenderam as declarações do ex-presidente como um recado ao futuro governador.

Nesta terça-feira (4), o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, terá uma reunião com a bancada de deputados do PSDB. Eles elegeram o novo líder da bancada, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), e sinalizaram apoio majoritário a uma posição de independência do PSDB ao governo Bolsonaro no Congresso.

O atual líder da bancada tucana na Câmara, deputado Nilson Leitão (MT), afirma que a independência pregada pela maioria da bancada na Câmara significa, na prática, apoiar projetos de Bolsonaro que são defendidos pelo PSDB, como a reformas da Previdência, sem que haja um apoio automático ao governo.

— Não vejo que a fala do Fernando Henrique seja um veto a um apoio Bolsonaro. Podemos apoiar aquilo que for proposto e que esteja de acordo com nossas bandeiras. O que ele quis dizer é que o PSDB precisa levantar as bandeiras que é dele de fato e defender com unhas e dentes aquilo que acredita que pode ser colocado em prática pelo governo — disse Leitão.

*Com informações do jornal O Globo