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Solange Jurema critica burocracia para adoção

Das 47 mil crianças que moram em abrigos no Brasil, apenas pouco mais de 7 mil podem ser adotadas. O dado foi constatado pelo Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Acolhidos e de Adoção. O grande déficit é ocasionado pela burocracia e a lentidão dos trâmites judiciais. A demora faz com que muitas crianças só possam ser adotadas mais velhas, quando já estão fora dos perfis mais procurados pelos candidatos a pais. A presidente do PSDB Mulher, Solange Jurema, afirma que essa realidade exige mudanças, sobretudo no âmbito Legislativo.

“Mais uma vez, a burocracia penaliza as pessoas. Em vez, de mais uma vez, punirem aquelas pessoas que estavam se aproveitando da boa fé, mais uma vez fecharam a legislação brasileira de um jeito que hoje é muito difícil realmente adotar. Como essa burocracia demora muito, às vezes a criança fica grande dentro do abrigo”, declarou.

Às vésperas do dia nacional da adoção – comemorado amanhã – as instituições também detectaram a existência de 33 mil pessoas habilitadas a adotar. A maioria busca, em geral, um perfil específico: bebês de até 3 anos, brancos e sem doenças congênitas. Um total de 50% dos pretendentes aceitam adotar negros, e somente 6% estão dispostos a adotar filhos com 8 anos de idade ou mais. Crianças com irmãos em abrigos também enfrentam dificuldades para serem escolhidas. Para Solange Jurema, é necessário um trabalho de conscientização entre os futuros pais, para que nenhuma criança seja excluída.

“Um trabalho de conscientização. ‘Todo mundo’ só quer criança pequena, de preferência branca, e isso é um descompasso com o perfil dessas crianças que estão nos abrigos – que geralmente são crianças maiores e negras. Adotar também tem que levar em consideração a questão da empatia. Essa empatia não pode ser por ser branca ou por ser negra. Então, eu acho que algumas coisas têm que se flexibilizar. Inclusive isso, a pessoa chegar num abrigo e poder escolher aquela criança por qual ela teve mais empatia”, afirmou a tucana.

Há três meses, o Ministério da Justiça apresentou um anteprojeto de lei que previa estabelecer, entre outras coisas, um prazo máximo de oito meses para conclusão dos processos de adoção. Os itens ainda estão sendo discutidos pelo Congresso e incorporados em outros projetos que já tramitam no legislativo.