Brasília (DF) – Em busca de apoio para melhorar a vida em Caruaru (PE), a prefeita Raquel Lyra (PSDB), que iniciou seu mandato em janeiro, pretende intensificar ações em áreas como educação, habitação, saneamento básico e desenvolvimento econômico. Após a rodada de reuniões com ministros nesta quarta-feira (22), a tucana concedeu entrevista ao Portal do PSDB, em que reafirmou suas expectativas e falou sobre as principais mudanças a serem feitas na cidade ao longo do seu mandato.
Em entrevista, Raquel destacou que sua gestão vai estar focada em atender as maiores demandas do município do agreste pernambucano, que sofre com a crise econômica deixada pelo governo do PT. Além de comentar a importância da reforma do ensino médio para o cenário educacional, a prefeita falou também sobre os péssimos legados da gestão petista, como as obras inacabadas da Transnordestina e da transposição do rio São Francisco.
Como foram as reuniões com os ministros? Quais são as expectativas para a parceria entre o governo federal e a prefeitura de Caruaru?
As expectativas são de que, mesmo em um ano difícil, a gente consiga – por meio de projetos adequados – levar recursos para a cidade, para conseguir viabilizar mais escolas, mais saneamento, mais casas, o Cartão Reforma, com o ministro [das Cidades] Bruno Araújo. A gente tem uma cidade de 350 mil habitantes, onde o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) não está dos melhores. E a gente só vai mudar essa realidade se conseguirmos começar a construção das escolas, acolhendo os alunos desde cedo. Então vamos colocar como meta a construção de creches, abraçar todos os alunos da pré-escola, universalizar a pré-escola. A gente já abriu 600 vagas neste ano, mas ainda tem 1,8 mil alunos de 4 e 5 anos fora da escola, e trabalhar a constrição de creches para abrir as 8 mil vagas que estão no meu plano de governo, que nada mais é do que a antecipação do Plano Nacional de Educação de 50% de oferta de vagas para crianças de 0 a 3 anos para essa população.
Sobre a questão do saneamento básico: os últimos índices para o setor estão bem ruins em todo o país. Como está a situação em Caruaru e como a prefeitura pode ajudar a melhorar esse cenário?
Em Caruaru, a gente tem apenas 24% de tratamento de esgoto. O resto é jogado ou no solo, ou diretamente no rio, sem qualquer tipo de tratamento. Tem canalizado 70% da cidade, mas desses, só 24% são tratados. Não é por acaso que temos grandes surtos das arboviroses, de zika, de chikungunya, de dengue. Naquela região [de Caruaru] toda houve um grande surto e o risco é de ter de novo. Se a gente não trabalhar o saneamento básico, a gente vai continuar repetindo esses surtos todos os anos. A gente quer ter o apoio do Ministério das Cidades para levar recursos para lá, não só através da companhia de saneamento do estado de Pernambuco, mas diretamente para a prefeitura, e também viabilizar novas formas, inovar no saneamento ambiental da área rural.
Como a gestão municipal pode atuar para superar problemas como recessão e desemprego, heranças deixadas pelo PT ao país?
Muito fortemente. A gente vai ter que trabalhar primeiro cuidando das novas gerações, trabalhando uma educação de qualidade, que garanta que essa juventude que está aí, que essa meninada que está na escola consiga ter empregabilidade com o mais alto nível de qualificação. Essas têm mais dificuldades de perder o emprego. E esses que estão hoje sem emprego, temos que buscar trabalhar qualificação profissional e trazer investimento para que possam gerar emprego e renda. E trabalhar também empreendedorismo. Nossa cidade é feita de muita gente empreendedora. Se a gente consegue trabalhar qualificação profissional, garantir mais moda, mais design, a gente garante que essa pessoa, de modo autônomo, consiga garantir o seu sustento. A gente precisa trabalhar em duas vertentes: garantir novas gerações e requalificando quem saiu do mercado de trabalho para poder voltar para ele, seja como empreendedor, seja ingressando em novas frentes de trabalho.
Qual a sua avaliação sobre a reforma do ensino médio e como será a implantação do novo sistema nas escolas de Caruaru?
Vejo de um modo animado. A gente faz o ensino médio hoje do mesmo modo que se fez há 50 anos. Eu passei por ele, minha mãe passou por ele. Então temos que investir na escola de tempo integral, garantir a possibilidade de escolhas por onde o aluno entende que pode se incorporar na sua profissão. E aliar o ensino médio ao ensino técnico é buscar garantir a empregabilidade desse jovem. Ele já sair do ensino médio podendo entrar no mercado de trabalho. A gente tem um “gap” de profissionais de nível médio e técnico muito grande. Lá a gente tem uma escola técnica federal, que os meninos já saem do ensino médio com formação técnica e com empregabilidade muito maior do que esses que saem do ensino médio sem qualquer formação. Então vejo com bons olhos e vou fazer todo trabalho que seja necessário da prefeitura para garantir que tenham essa nova formação.
Uma significativa contribuição negativa do PT para o Nordeste está em obras inacabadas como a Transnordestina e a transposição do rio São Francisco. Como isso tem afetado o Nordeste e Caruaru especificamente?
Caruaru, chamada capital do Agreste, é a pior região de balanço hídrico do país, onde tem mais gente e menos água. Onde, em qualquer lugar no mundo, as pessoas não habitariam, mas por uma questão socioeconômica acabaram habitando. A gente virou um grande entreposto econômico e comercial, mas falta água. Nossa região inteira vive sem água. Diversas cidades em colapso absoluto. A barragem que abastece a minha região, que é a barragem do rio da Prata, está com 22% da sua capacidade. Foi concluída agora a obra da barragem do rio Pirangi, que tem a mesma capacidade do rio da Prata, mas para que a gente tenha o mínimo de sustentabilidade para os próximos anos, a gente precisa da adutora do Agreste, que é o braço da transposição do Rio São Francisco. O presidente esteve recentemente licitando, adicionando ordem de serviço de projeto técnico, mas por muito tempo se arrastou o Canal do Sertão, que é o que vai ligar o eixo da transposição à adutora do Agreste. São 72 km, uma obra de R$ 2 bilhões, e que ainda não foi iniciada. Então, para chegar água da transposição para nós, a estimativa é que seja em 2023. Enquanto isso, a gente vai ter que criar muitas alternativas.
Qual é a importância da eficiência, responsabilidade e consciência dos prefeitos para gerir de forma a levar uma boa qualidade de vida para a população?
Nesse ambiente que a gente vive hoje, ainda mais em um momento de crise econômica e política, você não consegue trabalhar transparência e participação popular – fundamentais na nossa democracia – se não tiver transparência e planejamento. Senão vira tudo uma grande brincadeira, uma farsa. Então é trabalhar gestão fiscal, de pessoas, trabalhar planejamento. Onde estou? Onde quero chegar? Como quero que os meninos aprendam na escola? Onde é que preciso chegar com moradia, saneamento? Tudo metrificado. Quantos quilômetros por mês, por ano? Quantos meninos atendidos na escola? Que notas elas devem ter no Ideb? Tudo isso com métrica. Não adianta mais a gente filosofar na gestão pública. A gente tem que trazer resultado para a vida das pessoas. E isso o PSDB prega todos os dias, seja lá no Nordeste, em Pernambuco, seja no sul do país, em Porto Alegre ou Pelotas, onde o PSDB já administra ou está chegando agora para mostrar que é possível fazer diferente, ainda que em um ambiente de crise.