Opinião

“Recife sem tirar nem por”: Terezinha Nunes

Terezinha-Nunes-580x500-300x259Com apenas 218 km quadrados, 1,6 milhão de habitantes e um PIB que correspondeu, em 2015, a 30,9% de tudo que é produzido em Pernambuco, a cidade do Recife tem muito mais com que se vangloriar. É a capital cultural do Nordeste – quiçá do Brasil – tem uma riqueza histórica e arquitetônica admirada internacionalmente, abriga o segundo polo médico do país e é o terceiro polo gastronômico brasileiro.

Visto sob esses aspectos, o Recife é de orgulhar a qualquer um – e deve – mas por outros a sensação é de que o município não está conseguindo corresponder ao que dele espera sua população.

Hoje, como a crise brasileira é a bola da vez, a moda é culpá-la e muito pelos nossos males mas não é só por aí. Em 1999, por exemplo, Recife gerava 37,3% da renda estadual e caiu para 30,8% em 2015. A queda foi gradativa. A crise chegou em 2015 quando a capital perdeu 54.456 postos de trabalho, como indicam as estatísticas oficiais. É notória, também, a queda no setor de serviços, o mais nobre de sua economia. Basta ver a quantidade de lojas, bares e restaurantes fechados.

O aumento de 40% no comércio ambulante da capital não se deu apenas este ano. Vem de pelo menos dois governos atrás e se agudizou agora.

No setor de saúde primária – aquela que cabe ao município – as nossas chagas continuam expostas. Somos campeões brasileiros de casos de hanseníase, uma doença da idade média, e a terceira capital em número de casos de tuberculose, moléstia de causas e tratamento conhecidos.

A mortalidade infantil não tem caído como se esperava. Em 2011, segundo o DataSus, Recife ocupava a 11ª posição entre as capitais no que refere à mortalidade, e caiu para a 15ª posição com 12 óbitos por cada 100 mil habitantes em 2014. Ficamos atrás de Fortaleza e só um ponto acima de Natal.

Na educação os resultados no Ideb, o índice que mede o nível dos alunos na educação básica, a que cabe ao município, são arrasadores. Estamos na 21ª posição no Ideb comparados com as 27 capitais brasileiras.

O saneamento básico, problema crucial em uma capital muito baixa e banhada pelos rios e canais, está em nível vergonhoso. Somos a 23ª capital nesse aspecto. Apenas 38% do município tem saneamento e só 18% do esgoto coletado é tratado. O resto é jogado nos cursos d’água. Um crime contra a população e a natureza. Em nível de saneamento estamos piores que a maior parte das capitais nordestinas. Perdemos para Fortaleza, Salvador, Natal, João Pessoa, Aracaju e até Teresina.

O que dizer da gestão municipal? Pelo índice Firjan, que mede a situação da gestão fiscal, chegamos em 2015 com a pior avaliação desde 2006. Considerando o nível de gastos com pessoal comparado ao investimento e liquidez fomos menos eficientes do que as gestões municipais de Fortaleza, Salvador e Aracaju, só para citar o Nordeste. Salvador ficou em 3º lugar no Brasil, Fortaleza em 5º, Aracaju em 9º e o Recife em 13º.

Não há, portanto motivo para comemoração. Se continuarmos assim, apesar do progresso em algumas áreas, o Recife vai continuar patinando e isso, certamente, ninguém quer.

*Artigo da presidente do PSDB Mulher Pernambuco, Terezinha Nunes, publicado nesta terça-feira (9) no Diario de Pernambuco