Brasília (DF) – Com Dilma Rousseff afastada da Presidência da República desde maio deste ano, a herança deixada pela petista ainda traz sérios problemas para a economia do país. No período dos últimos 12 meses encerrados em maio, as contas do setor público registraram um déficit de R$ 150,5 bilhões. O valor equivale a 2,51% do Produto Interno Bruto (PIB), um recorde da série iniciada pelo Banco Central em 2002.
As informações são de reportagem desta quinta-feira (30) do jornal Folha de S. Paulo. De acordo com a publicação, o déficit já está bem próximo da meta fixada na lei orçamentária deste ano, que é uma retração de R$ 163,9 bilhões – 2,6% do PIB – para o setor público. Só em maio deste ano, o setor público registrou um déficit de R$ 18,1 bilhões. O resultado acumulado no ano ficou negativo em R$ 13,7 bilhões.
A dívida bruta do país também se elevou: de 66,5% para 68,6% do PIB entre dezembro de 2015 e maio deste ano. Isso porque, como União, estados e municípios não conseguem economizar em conjunto para pagar os juros da dívida pública, que somaram R$ 454 bilhões no último ano, o déficit público alcançou os R$ 605 bilhões, o correspondente a 10,1% do PIB.
A situação caótica da economia também afeta o futuro. O ministro da Fazenda Henrique Meirelles anunciou nesta quarta-feira (29) que o governo deverá encaminhar ao Congresso uma meta fiscal que prevê um déficit superior a R$ 100 bilhões para 2017. Caso a projeção se confirme, será o quarto ano seguido de rombo nas contas públicas, acumulando um resultado negativo acima dos R$ 400 bilhões.
“Esperar um superávit, depois de um déficit de R$ 170 bilhões, seria muito irrealista”, explicou o ministro da Fazenda.
Henrique Meirelles destacou que a gestão do presidente em exercício Michel Temer tem se preocupado em estabelecer estimativas realistas para a economia do país. “A nossa visão e linha de ação, da mesma maneira que fizemos quando da apresentação de 2016, é que tudo começa bem quando começa com realismo e com a verdade”, disse.
Ao mesmo tempo, o governo tem apresentado medidas para reverter os desequilíbrios econômicos, com destaque para a proposta de emenda à Constituição que fixa limites para o crescimento das despesas públicas. “O teto de gastos permitirá que o Brasil volte a ter saldos primários suficientes para pagar juros e amortizar a dívida. Se isso tudo acontecer, a expectativa é que o juro real da economia passe a cair”, completou Meirelles.