O seminário “Cultura da Paz e o Feminino Profundo” se encerrou no dia 28 de janeiro desse ano e deixou um legado de conhecimento para as militantes do PSDB-Mulher. No último dia do evento, a psicóloga Denise Ramos, a doutora em literatura, semiótica, história e cultura clássica Flávia Marquetti e a psicóloga e psicanalista Káritas Ribas falaram sobre complexos culturais e imagens do feminismo, representação feminina nas artes e na literatura e culturas de dominação e de parceria, respectivamente.
Denise explicou que durante esses últimos séculos a mulher tem trabalhado bastante para se igualar ao homem, porém, ressaltou que há uma confusão na luta para ter os mesmos direitos, dinamismos e qualidades que o sexo masculino. “Nós temos os mesmos direitos e corpos diferentes, não faça essa confusão. Não vamos competir nesse nível, não é essa questão”, alertou.
A psicóloga continuou: “muitas vezes as mulheres que chegam ao poder, são mulheres que só repetem o masculino, competem com o homem vestidas de mulher. As interações políticas e a chave da reforma política estão na psique humana. Nós somos pessoas, se não nos transformamos como ser humano, não vai haver reforma política nenhuma”.
Para ela, o núcleo feminino é herdeiro de uma tradição mitológica “perversa e muito inconsciente”. Segundo Denise, devido aos mitos que se formaram ao longo da história, gerou-se um complexo que tem traumas na sua essência e sintomas. “A violência contra mulher, entre outros eventos traumáticos, provocou complexos, tanto no nível do individuo, quanto no nível da cultura. O trauma da cultura que nós vivemos é a violência física e psicológica, sentimento de inferioridade, sacríficos estéticos e a excessiva busca da beleza externa e eterna”.
Mudar o discurso
A doutora Flávia também fez referência ao passado para explicar a posição feminina atual. “Não é de hoje que se vive esse espaço de exclusão”. Ela pediu que as mulheres, a partir de agora, fiquem mais atentas e comecem a mudar a cabeça de seus filhos, irmãos e maridos, para assim revolucionar o mundo.
“A gente quer reproduzir esse discurso machista de exclusão que sofremos, simplesmente agora, que resolvemos tomar o poder? Vamos repetir? Continuaremos criando desigualdade e desencontros? Temos que mudar”.
Já para a psicanalista Káritas, as pessoas enxergam os acontecimentos da maneira que elas são. “Quando a gente confunde a nossa explicação com a verdade, fecha possibilidades de enxergar além, de ouvir, às vezes, outras explicações para os mesmo fenômenos”, explicou.
Ela disse que as pessoas não são boas ou más. Cada um enxerga o mundo a partir da sua emoção, que é gerada também pela cultura. “Nós, mulheres, não somos vítimas dos homens. Nós estamos dentro de uma cultura, em que contribuímos, inclusive, para estar no lugar onde nos situamos. E podemos mudar isso”, concluiu.
Relembre
Na última semana, o PSDB-Mulher e a Fundação Konrad Adenauer promoveram o seminário “Cultura da Paz e Feminino Profundo”, em São Paulo. Participaram da segunda parte do evento a psicóloga, com ênfase em psicologia e religião (mecanismos e rituais de cura nas religiões), psicossomática, psicologia analítica, complexos culturais como base de patologias sociais, em especial preconceito e corrupção, Denise Ramos, a pós-doutorada junto ao NEE (Núcleo de Estudos Estratégicos) pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), nas áreas de gênero, semiótica, história, cultura clássica e literatura, com Pós-Doutorado na área de Literatura e Teoria Literária pela (UNESP/ Aqa), Flávia Marquetti , a Filósofa e psicanalista, pesquisadora em complexidade, mestre em Biologia-Cultural, atuando principalmente com as disciplinas de ética e linguagem. Consultora especialista no trabalho com grupos, com ênfase nas práticas colaborativas e dialógicas, Káritas Ribas e a integrante do Projeto Cooperação. Pós graduada em Jogos Cooperativos, graduada em Educação Física, Eliana Rossetti Fausto.