“O PSDB deu um passo fundamental rumo à equidade de gêneros, estabelecendo a partir da Resolução 1/13 da CEN, um número mínimo de candidaturas de mulheres no registro de chapas do partido. A iniciativa também é uma conquista do expressivo número de tucanas”, disse a deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP).
Em entrevista ao portal do PSDB-Mulher, a parlamentar também fala das expectativas das mulheres tucanas para a Convenção Nacional, no dia 18 de maio e da participação do segmento na política.
Confira a entrevista:
Qual a repercussão da resolução 1/13 da CEN em São Paulo?
Atualmente, 52% da população nacional é feminina. Portanto, nada mais justo que este enorme contingente, que se doou para a construção da nossa democracia, tenha espaço e respeito na política de seu país. O PSDB deu um passo fundamental rumo à equidade de gêneros, estabelecendo a partir da Resolução 1/13 da Comissão Executiva Nacional (CEN), um número mínimo de candidaturas de mulheres no registro de chapas do partido. A iniciativa também é uma conquista do expressivo número de tucanas. Hoje somos 44% do total dos filiados do nosso partido. O que significa que representamos uma força partidária, capaz de estimular a participação de mais mulheres no cenário político e nas decisões que afetam a sociedade. É um grande avanço nestes mais de 81 anos de voto feminino.
Quais as reivindicações que a senhora entende que as mulheres tucanas devem levar à Convenção Nacional de maio?
Hoje, na condição de mulher com deficiência, cidadã e parlamentar, minhas maiores reivindicações são de acessos para a população feminina que possui algum tipo de deficiência. Segundo o IBGE, no Brasil, cerca da metade dos 45,6 milhões da população com deficiência é composta por mulheres. A maioria delas fica sem acesso aos serviços de saúde comuns ao público feminino, como um acompanhamento ginecológico e a realização de exames preventivos de doenças como câncer de mama. Tudo isso por conta da ausência de postos de saúde acessíveis. Na cidade de São Paulo, há pouquíssimos hospitais com aparelhos de mamógrafos adaptados. Isso porque estamos falando da capital mais rica do Brasil.
Outra reivindicação minha refere-se à empregabilidade desse grupo, uma vez que as mulheres com deficiência fazem parte de uma minoria ativa no mercado. Segundo o Ministério de Trabalho, a parcela feminina soma cerca 0,3% dos vínculos formais de emprego em todo o país. No caso de profissionais com deficiência auditiva, a defasagem também está na diferença entre os salários. Mulheres surdas enfrentam grandes barreiras para serem contratadas pelas empresas, e quando o são, a remuneração delas chega a ser 40% a menos que a dos homens também surdos.
Embora o Governo Federal apregoe a promoção da igualdade entre os gêneros, na prática a mulher brasileira com deficiência encontra outra perspectiva. A remuneração deste público é inferior em qualquer recorte – tipo de deficiência, escolaridade ou setor de atividade.
Quando a mulher com deficiência encontra acesso aos serviços necessários para uma vida digna, ela pode contemplar a plenitude de sua feminilidade. Pode ser mãe, profissional e o que mais desejar. A deficiência não a impede de fazer nada. Agora, a deficiência da cidade sim. Tudo depende de acessos, de oportunidades. Para trabalhar é preciso ter saúde. E para tal deve existir acesso. Para amar é preciso ter o respeito dos outros e para ter confiança em si mesma. E para isso temos que criar acessos para eliminar preconceitos. Acredito que trabalhar pela igualdade entre todas as mulheres é nosso papel não na Convenção, mas em nosso dia a dia como parlamentar.
Quais os projetos de lei que tramitam na Câmara dos Deputados que o PSDB-Mulher e o partido deveriam se empenhar para aprová-lo?
Dentre vários projetos, defendo aprovação do PL 4.411/12, de autoria do Romário e minha relatoria, que prevê que profissionais registrados em cadastro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tenham as importações liberadas automaticamente pela Receita Federal. A intenção é diminuir as barreiras para os pesquisadores brasileiros. Se um pesquisador precisa de um reagente, ele demora meses para importá-lo. Nos EUA, ele encomenda e em 24 horas o material está disponível. Temos pesquisadores de ponta que não conseguem sair do lugar por conta dessa morosidade. Por isso, a importância de aprovarmos o quanto antes esse PL.
Convido a todas as tucanas a conhecer o teor de cada um dos de meus projetos: http://www.camara.gov.br/internet/deputado/Dep_Detalhe.asp?id=530207. O objetivo é promover acessibilidade e inclusão para a população com deficiência em todo o Brasil, inclusive às mulheres com deficiência. Conto com empenho do partido e do PSDB- Mulher para a aprovação.
Quais as dificuldades que a senhora encontrou em sua luta política por ser mulher?
Não acredito que, necessariamente, a dificuldade tenha surgido por apenas ser mulher, mas sim, por trabalhar por uma causa ignorada por muitas gestões. A inclusão da pessoa com deficiência não era pautada na construção de políticas públicas. Hoje, ainda podemos falar que é um processo que vem acontecendo paulatinamente, porque antes as pessoas sequer tinham informação sobre o tema. Não se pensava em gestões acessíveis, sustentáveis. Isso ainda é novo para muitas cidades e governantes. Então posso dizer que a maior dificuldade foi estar à frente de uma realidade que a maioria das pessoas desconhecia a magnitude e importância.
Quais são as suas expectativas em São Paulo para a ampliação feminina nas eleições de 2014?
As melhores possíveis. A mulher conseguiu extrapolar possibilidades que antes eram tidas como inalcançáveis. Na época em que fui vereadora de São Paulo, conheci muitas mulheres que faziam parte das lideranças de bairro e levavam demandas importantíssimas para o meu trabalho. Cobravam por vagas em escolas, como também estavam atentas à verba que o município dispunha à educação, por exemplo. Reivindicavam acessos, tratamento adequado para o filho, transporte adaptado, medicamentos, igualdade, oportunidades. Muitas dessas mulheres entrarão para a política ao se deparar com uma causa a qual lutar. Elas percebem que têm em suas mãos a capacidade de transformação.