Desde o dia 2 passado os principais monumentos e prédios públicos das cidades brasileiras estão coloridos de róseo em homenagem ao Outubro Rosa, data universal do combate ao câncer de mama, o segundo que mais mata brasileiras, superado apenas pelo de colo de útero.
A cada ano no Brasil cerca de 60 mil mulheres constatam a doença e, infelizmente, poucas tem tratamento adequado na rede pública para evitar o óbito. É importante lembrar que anualmente dez mil brasileiras perdem a batalha contra o câncer de mama.
A bela iluminação dos prédios e monumentos sem dúvida ajuda a conscientizar a população feminina sobre a necessidade de realizar a mamografia periodicamente, mas não tira o Brasil das sombras do esquecimento com que o poder público trata o tema.
Para se ter uma ideia de como isso de fato ocorre, um estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) contatou que em 2012 a rede pública hospitalar realizou apenas 2,5 milhões de mamografias em mulheres entre 50 e 60 anos (faixa onde ocorre a maior incidência), para um público alvo de 10 milhões. Ou seja, uma cobertura de apenas 25%, quando a meta da Organização Mundial da Saúde (PMS) é que se alcance pelo menos 70% do segmento.
Entre 1990 e 2013, os diagnósticos de novos casos de câncer de mama quase triplicaram, basicamente em função do maior envelhecimento da população associado à crescente conscientização das mulheres e ao avanço da medicina na identificação precoce da doença, o que é fundamental para a cura.
Para enfrentar a doença, a prevenção é o melhor caminho, como também atesta um estudo canadense divulgado pela SBM: houve uma redução média de mortalidade de 40% nas mulheres que fizeram a mamografia, entre três milhões de canadenses entre 40 e 79 anos, acompanhadas durante 19 anos.
O ideal é que as mulheres façam mamografia pelo menos uma vez por ano e que visitem o ginecologista duas vezes nesse mesmo período.
O ideal, também, é que a mamografia anual seja realizada já a partir dos 40 anos e não dos 50 anos, como define o Ministério da Saúde, porque é cada vez maior o número de jovens acometidas pela doença.
O stress da vida moderna, aliado ao novo cotidiano da mulher brasileira, com múltiplas funções profissionais e familiares contribui para isso, na opinião de especialistas. Antes, as mulheres casavam mais cedo, tinham mais filhos e amamentavam por mais tempo, o que não acontece mais.
Além disso, fatores outros como obesidade, reposição hormonal, pílulas contraceptivas, tabagismo e alcoolismo também se fazem presentes, assim como a forte influência hereditária, que é responsável por 5% a 10% dos casos.
De qualquer modo, o Outubro Rosa deve ser saudado por todas como mais um passo no sentido de ampliar a conscientização feminina e alertar que a mamografia ajuda na cura, que pode chegar a 70% dos casos no Brasil.
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB