O governo afirma que está sendo “realista” ao apresentar uma proposta de orçamento prevendo um inédito rombo nas contas públicas para 2016. Não é verdade. A peça orçamentária enviada ontem ao Congresso continua sendo uma obra de ficção. A presidente Dilma simplesmente abdicou de zelar pelas contas públicas. Em português claro, quebrou, junto com seu partido, o Brasil, e agora tenta lavar as mãos.
Dificilmente a previsão de um déficit de R$ 30,5 bilhões, o equivalente a 0,5% do PIB, irá se confirmar no ano que vem, levando-se em conta as premissas equivocadas usadas para se chegar ao resultado. O rombo, provavelmente, será ainda maior.
São fantasiosas as projeções de crescimento da economia e as receitas projetadas, ambas superestimadas. O orçamento conta com recursos incertos, obtidos com a venda de ativos e concessões, as mesmas para as quais o governo não consegue definir regras claras. Prevê aumento de impostos, os mesmos que Michel Temer admite que “ninguém aguenta mais”.
Ao mesmo tempo, na proposta orçamentária, o governo subestima o quanto gastará em juros e a gestão petista não sabe como cortar despesas. Prevê que tanto os gastos obrigatórios quanto os discricionários crescerão em 2016, num total de R$ 105 bilhões adicionais, mesmo com as receitas despencando. Contas assim não fecham nunca.
Na nova proposta orçamentária, com a terceira meta fiscal estipulada para 2016 em quatro meses, o rombo da Previdência dobrará desde 2014. Mas não se ouve da presidente, como não se ouviu durante a campanha eleitoral inteira, qualquer palavra sobre a necessidade de reformar o sistema para evitar sua iminente implosão. Muito menos uma proposta com princípio, meio e fim.
Nesta contabilidade do crioulo doido, o governo espera que o Congresso dê jeito – o mesmo Parlamento que o Palácio do Planalto vem acusando de fabricar pautas-bombas. Quem detonou a bomba atômica foi o Executivo e não o Legislativo, que agora ouve pedidos de socorro dos mesmos que o acusavam de irresponsáveis…
Quem gerou a ruína das contas públicas do país foram Dilma e o PT. Foram ela e seu partido que insuflaram desmesurada e irresponsavelmente os gastos, que maquiaram contas, tentaram enganar órgãos de fiscalização e controle. Como tudo o que é falso, esta fantasia agora se desmancha no ar. Não sem antes, infelizmente, levar o país junto, rumo a uma falência inédita nas últimas décadas.
A consequência da inépcia petista é uma vida muito mais apertada, mais sofrida para todos os brasileiros. Mais desemprego, mais carestia, mais recessão. Quem está pagando a conta somos todos nós. Quem precisa achar uma solução é quem pariu o descalabro. Jogar para o Congresso uma responsabilidade que é inescapável e inalienável da presidência da República equivale a um ato de renúncia.