Assim, como no slogan, repetindo o apelo nacional pelas “Diretas Já!”, na década oitenta, as mulheres querem seu espaço na política institucional do país agora, lutando não só pela definição de uma política de cotas, mas também pela garantia de pelo menos 30% das vagas dos parlamentos brasileiros – das câmaras de vereadores ao Congresso Nacional.
E o momento dessa luta é agora, quando a Câmara dos Deputados começa a discutir uma proposta de reforma política que definirá os novos instrumentos político-partidários para a consolidação da democracia brasileira.
E a ação das mulheres deve também ser imediata. Por incrível que pareça, faltou sensibilidade política ao relator e o mínimo de sintonia dele com os milhões de brasileiras e brasileiros que foram às ruas protestar contra os desmandos do atual governo.
O relatório dele simplesmente ignora a ampliação da participação da mulher na vida político-partidária e institucional do país.
Como imaginar uma reforma política nos dias de hoje sem a presença de propostas que ampliem a participação feminina na política?
Como ignorar que milhões de brasileiras foram responsáveis pelos panelaços que se espalharam pelas principais cidades do Brasil?
Não custa repetir, para quem parece fingir não ver, que as mulheres são a maioria da população e do eleitorado e já respondem sozinhas por 40% das famílias do país.
No entanto, na Câmara dos Deputados as deputadas eleitas são menos do que 10% do total de parlamentares na Casa, percentual um pouco maior no Senado Federal.
O mundo mudou, o Brasil mudou, as nossas mulheres, embora ocupem espaço em todos os setores de atividade, ainda encontram resistência em marcar presença no meio político, um universo predominantemente masculino no país.
É preciso mudar essa realidade. Há que aprovar incentivos que sejam realmente eficientes para a maior participação feminina na política, com adoção de regras que façam cumprir a cota obrigatória de 30% das vagas das cadeiras dos parlamentos nacionais para mulheres.
Não há outro caminho.
É questão de tempo; quanto mais demorar, pior para a população e para a nação brasileira.
*Solange Jurema é presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB