Opinião

“Dia Internacional da Mulher, o que os homens temem tanto?”, por Thelma de Oliveira

Foto: George Gianni/PSDB

Foto: George Gianni/PSDB

Parabéns para nós, mulheres, que comemoramos a data hoje, pela 109ª vez, com grandes conquistas na bagagem, e muito ainda a fazer; a começar por assumir um poder que é nosso por direito.

O Dia Internacional da Mulher, criado na virada do século XX e celebrado pela primeira vez em 28 de fevereiro de 1909, nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido Socialista da América, surgiu sob o impacto da Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, que abriram o mercado de trabalho, até então restrito aos homens, para as mulheres.

As péssimas condições de trabalho em que essas trabalhadoras eram obrigadas a produzir levaram a manifestações que culminaram com a primeira conferência internacional de mulheres, em 1910, na cidade de Copenhague.

No ano seguinte, em 25 de março de 2011, 146 trabalhadores, em sua maior parte costureiras, morreram em um incêndio na fábrica daTriangle Shirtwaist, em Nova Iorque.

Em oito de março de 1917, na Rússia czarista, a greve das operárias da indústria têxtil contra a fome, o czar Nicolau II e a participação do país na Primeira Guerra Mundial, foi o estopim para a Revolução Russa e definiu o oito de março como a data definitiva para a comemoração do Dia Internacional da Mulher.

Oficialmente, no entanto, o dia oito de março foi declarado Dia Internacional da Mulher em 1975 pela ONU.

Em 1995, aconteceu em Pequim a Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres , que estabeleceu um roteiro de ação que visava o avanço da igualdade e do empoderamento das mulheres no mundo. O documento resultante do encontro, batizado de “Plataforma de Ação de Pequim” listou 12 pontos essenciais para alcançar essa meta.

Eram eles: Mulheres e pobreza; Educação e Capacitação de Mulheres; Mulheres e Saúde; Violência contra a Mulher; Mulheres e Conflitos Armados; Mulheres e Economia; Mulheres no Poder e na liderança; Mecanismos institucionais para o Avanço das Mulheres; Direitos Humanos das Mulheres; Mulheres e a mídia; Mulheres e Meio Ambiente e Direitos das Meninas.

Acho que apenas um olhar pela lista mostra que não avançamos muito nos últimos 10 anos. Analisando o ítem “Mulheres no Poder”, é possível saber que, pelos dados de 28 de julho de 2014 , do ranking preparado pela União Interparlamentar, o Brasil ocupa um humilhante 110º entre 146 países, ficando atrás de Togo, Eslovênia e Serra Leoa.

Medo masculino

Fátima Jordão, socióloga e conselheira do Instituto Patrícia Galvão, há poucos dias, disse uma frase certeira: “As mulheres candidatas, são vistas pela maioria dos eleitores com atributos positivos em relação aos candidatos: somos vistas como mais éticas, cumpridoras de promessas, mais trabalhadoras, entre outros. Portanto, na competição com candidatos somos uma ameaça competitiva e somos temidas. Nós mulheres não assumimos a força que temos dentro dos partidos. Como militantes dos grandes partidos somos mais de 40%, nossa força nas bases não tem correspondência com a proporção de candidatas inscritas. Isso se chama domínio de um coronelismo machista dentro dos partidos”.

E por favor, não me venham dizer que a atual situação do Brasil foi causada por uma mulher, esse argumento não é válido. Nem digno. Há um ex-presidente que operou durante oito anos à frente do governo e continua, agora à sombra, tão ou mais responsável do que ela.

Sempre fomos fortes, nossa participação na vida política, social e religiosa da humanidade é tão antiga que acabou por se perder na História mais recente, escrita por homens, para reinventar a sociedade criada por eles, para eles.

Chegou a hora de retomar o poder que sempre foi nosso, que possuímos há eras, que ninguém nos concederá porque apenas nós temos esse direito. Nascemos com ele.

Viva o Dia Internacional da Mulher!

 

*Thelma de Oliveira é vice-presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB