Cinthia Ribeiro sentiu na pele a falta de representatividade feminina que assola a política nacional. Em seu caso, literalmente. A prefeita de Palmas eleita pelo PSDB – e única mulher a administrar uma capital brasileira atualmente – descobriu a gravidez após suspeitas de haver contraído covid-19. À medida que a gestação avançava, a chefe do Poder Executivo municipal percebia como as leis orgânicas do município eram inversamente proporcionais ao tamanho de sua barriga quando o assunto era gestação.
Segundo consta no documento, até fevereiro de 2022 o regimento não prevê afastamento de licença-maternidade para prefeitas. Em outras palavras: em Palmas, uma mulher até pode chegar à prefeitura, desde que não engravide.
“[O regimento] lista alguns casos. Fala sobre o afastamento de vereadores e vereadoras, de afastamento do prefeito [em caso de doença]. Mas essa ausência a respeito da licença-maternidade mostra que Palmas não estava preparada para ter uma prefeita mulher. Muito menos uma prefeita mãe”, diz.
Após o nascimento de Vittorio Caetano Mantoan, Cinthia se afastou por 15 dias. Depois desse período, a solução foi trazer o bebê, atualmente com 3 meses, para o gabinete. No local, sanções, documentos e despachos dividem espaço com brinquedos, papinhas e fraldas. “Vittorio está me ajudando a administrar a cidade e a cidade está me ajudando a ser mãe.”
Não é de agora que Cinthia ganha os noticiários políticos por causa de um episódio de violência de gênero. A primeira vez ocorreu após as eleições de 2018, quando se tornou a única mulher eleita para administrar uma capital brasileira.
“É uma responsabilidade gigantesca porque todos os holofotes estão voltados para mim. Então, se acertar, ótimo. Mas, se errar, errou porque era mulher, era jovem. A cobrança é imensa.”
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*Do portal da revista Marie Claire