Olhar a Economia como uma ferramenta para a transformação social, qualificando a aplicação do gasto público e reduzindo desigualdades, entre elas a da representação feminina na política. Essas são algumas das medidas urgentes para o Brasil levantadas no Painel PSDB Brasileiras PSDB-Mulher, que debateu a presença das mulheres nos espaços de Poder a partir da experiência de líderes femininas.
Mediado pela presidente do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB, Yeda Crusius, e pelo professor universitário com Ph.D. em Ciência Política André Regis, o debate reuniu a economista Ana Carla Abrão Costa e a advogada tributarista Vanessa Rahal Canado. Ambas compõem a equipe econômica do governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à presidência, João Doria. Também fazem parte do grupo responsável pelo plano de governo o atual secretário de Fazenda do Estado, Henrique Meirelles, e a economista Zeina Latif.
Na abertura do painel, Yeda, que foi governadora do Rio Grande do Sul e ministra do Planejamento (Itamar Franco), observou que o Brasil tem tudo para mudar para melhor, e as mulheres podem dizer de que forma isso poderá se concretizar. Essa transformação também passa pelo avigoramento da representação feminina em cargos de liderança.
“Desde 1998 até aqui, o mundo mudou a favor de uma compreensão e consciência de que é preciso mais mulheres na política. Recentemente, a maior meta que nós temos é 50/50, que é uma meta da Agenda 2030 da ONU, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. E um dos primeiros exemplos que a gente tem do 50/50 é a formação do grupo que, através do nosso pré-candidato vencedor das prévias, o Doria, é 50/50: três mulheres e três homens”, frisou.
Transformação social
Com larga experiência no mundo corporativo e financeiro, Ana Carla Abrão relatou que somente na política conseguiu enxergar uma forma de transformação da sociedade. Depois de levar sua expertise para o desenvolvimento de políticas públicas, inclusive como secretária de Fazenda de Goiás (2015/2016), a economista enfatizou a necessidade de se pensar a Economia como uma ferramenta de mudanças estruturais.
“Nosso problema não é econômico. A economia a gente precisa arrumar, sim, mas o problema é social. A gente tem 14 milhões de pessoas passando fome, 19 milhões de jovens que não estudam e não trabalham, uma das maiores desigualdades sociais do mundo”, pontou. “O programa que a gente está estruturando é social, e não econômico. A economia é uma ferramenta a serviço daquilo que a gente entende que é absolutamente fundamental para o país hoje, que é uma grande reforma social, um novo pacto social”.
Para viabilizar este programa, é indispensável a qualificação do gasto público. Especialista em Direito tributário e uma das responsáveis pela elaboração de projetos da reforma tributária que tramitam no Congresso Nacional, Vanessa Canado enfatizou a importância de uma visão de longo alcance para áreas que exigem política de Estado, não de governo.
“A gente tem um espaço enorme para melhorar a qualidade do gasto no Brasil. Do ponto de vista institucional, faltam bons processos que orientem a revisão dos gastos públicos atuais para que eles deem conta de uma política pública que chegue a qualificar o cidadão, seja na educação, seja para o trabalho, que garantam saúde e segurança. Isso tem que, da melhor maneira, independer um pouco de governos. Tem que ser uma política de Estado”, disse.
Representatividade feminina
Essas mudanças não estão dissociadas da luta para virar o jogo em torno de outras distorções, como a representatividade feminina. Segundo dados do Cadastro Eleitoral, nas últimas Eleições Gerais, em 2018, havia 77 milhões de eleitoras em todo o Brasil, o que representa 52,5% do total de eleitores. Desse número, apenas 9.204 (31,6%) mulheres concorreram a um cargo eletivo no mesmo ano e 290 foram eleitas, o que equivale a 16,20% do universo de 1.790 escolhidos.
“Não dá mais para contemporizar. Existe um dado objetivo, que é: existem mais homens tanto no setor privado como no setor público em cargos de liderança. Como vamos fazer para as mulheres acessarem? É um objetivo que não dá para flexibilizar. 50/50 é o mínimo que a gente pode ter em termos de representação em cargos de liderança”, sublinhou Vanessa Canado.
A representação feminina piorou de forma muito profunda no governo de Jair Bolsonaro, principalmente nos cargos de livre nomeação, lembrou Ana Paula Abrão.
“Quando a gente fala que o primeiro compromisso do Joao Doria é justiça social, isso está dizendo que equidade de gênero, diversidade, combate à desigualdade racial, tudo isso é pilar, é compromisso, e a gente vai ter que garantir que esse compromisso seja entregue”, assegurou. “As nossas mazelas sociais são reflexo das escolhas que nós fizemos lá atrás e estamos fazendo agora, que são escolhas que estão privilegiando aqueles que menos precisam do Estado e dos recursos públicos. É essa inversão que a gente precisa fazer”.
Ao lado de Yeda Crusius na condução do debate, o cientista político e ex-vereador (Recife-PE) do PSDB André Regis também observou que a paridade representativa vai além do direito feminino, mas se trata de um processo “civilizacional”, que também exige avanços em outras áreas.
“Toda a minha preocupação é com o futuro das minhas filhas. A gente fica pensando que país está construindo para elas, que tipo de sociedade nós queremos. Um grave problema é que nós precisamos fazer com que esse país entre na rota de um processo civilizacional, onde haja respeito, prosperidade, segurança. Onde a gente tenha orgulho”, frisou.
O painel promovido pelo PSDB-Mulher integra a Força-Tarefa Eleições 2022, que percorre o Brasil nas próximas semanas com o objetivo de identificar demandas e prioridades de cada região. O próximo destino da mobilização feminina é Guarabira, na Paraíba, dia 09 de abril.
Assista ao Painel “As Mulheres que constroem um Brasil Melhor – A Economia nas mãos de quem entende” na íntegra pelo canal no Youtube PSDB Brasileiras PSDB-Mulher.