A reforma eleitoral, os desafios da representatividade feminina na política e a histórica parceria entre o Secretariado Nacional da Mulher/PSDB e a Fundação Konrad Adenauer (KAS Brasil) foram os temas do segundo e último dia do curso de capacitação “Gênero e Política nas Eleições 2022: Oportunidades e Desafios”, oferecido a lideranças multiplicadoras nesta quinta-feira (11/11), em parceria com o Instituto Teotônio Vilela (ITV).
O dia começou com uma mensagem enviada às tucanas pela senadora Simone Tebet (MDB-MS), destaque da CPI da Pandemia e relatora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Reforma Eleitoral no Senado. A parlamentar frisou a importância de se promover avanços na legislação que beneficiem as mulheres e exaltou a iniciativa do PSDB-Mulher de capacitar as suas filiadas.
“Não é fácil fazer política, mas é extremamente necessário que as mulheres façam política. É verdade que ainda temos que evoluir muito, as mulheres ainda são discriminadas. Mas precisamos de mais mulheres na política de forma a avançarmos na nossa legislação. O primeiro passo é esse: qualificação. Isso é fazer política. Quando vocês se prontificam a entrar no curso e se qualificarem, vocês estão fazendo cidadania”, ressaltou.
“Mas queremos mais, que vocês também ousem, dentro do PSDB, e possam um dia ser candidatas a vereadoras, deputadas estaduais, federais, senadoras, e até a presidente da República”, disse Tebet.
“Cobrir a política através da imprensa, seja no jornal, televisão ou rádio, não é uma tarefa fácil, mas é uma na qual Cristiana Lôbo foi pioneira. Fica registrada aqui a nossa homenagem, nesse curso que lembra das pioneiras e trata da mulher na política. Nessas últimas décadas, ela abriu caminho para muitas. Foi uma mestra de lutas e fazia uma cobertura de política com ética e com ponderação”, lembrou.
Reforma eleitoral e violência política
O debate sobre a reforma eleitoral foi iniciado com um vídeo produzido pelo PSDB-Mulher que destacou o protagonismo feminino que parlamentares e movimentos sociais assumiram durante a discussão da proposta no Congresso, impedindo que retrocessos aos direitos das mulheres acabassem sendo aprovados. Assista o vídeo AQUI.
“Pode-se dizer que essa foi a mudança mais relevante da reforma política. Vai dar mais dinheiro, efetivamente, para as campanhas e ainda estimula as direções partidárias a quererem mais mulheres e pessoas negras na campanha eleitoral. Ter mais mulheres que podem, e devem, ser eleitas para que essas parlamentares contem para fins de verbas é uma mudança sensacional”, opinou.
A advogada apontou ainda que mais um avanço para a representatividade feminina nos espaços de poder foi a aprovação da Lei de combate à violência política.
“É um reconhecimento institucional de que esse é um problema que existe e que afeta a eleição de mulheres, uma vez que elas estão mais sujeitas à ameaça, agressão, assédio e ao uso de conteúdo para chantagem, para impedir que as mulheres fiquem à vontade no ambiente político”, constatou.
A prefeita de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro (PSDB), deu o seu testemunho como uma das tantas vítimas da violência política de gênero:
“A violência política que sofremos no ano passado precisa ser um case de estudo, sobre o comportamento do ser humano. Foi uma pressão muito grande. Fui reeleita, assumi a Prefeitura com muitos desafios, em meio à uma pandemia”, relatou.
“Mas tudo isso mostrou que vale a pena você sair do discurso e ir para a prática no que diz respeito à participação feminina na política. Minha candidatura, no ano passado, impulsionou uma candidatura de número recorde de vereadoras. Quando uma mulher vai junto, e pode e deve reforçar o seu exemplo para outras mulheres crescerem, isso é muito bom. Especialmente porque estamos em um partido que faz a política partidária de verdade, na essência, que briga e busca a qualificação de seus quadros”, afirmou a tucana.
Parceria de sucesso
“A importância da educação política está no cerne da Fundação. Por isso, nosso trabalho é muito pautado por quatro áreas temáticas principais: a defesa da democracia, do Estado de Direito e dos direitos humanos; sustentabilidade e meio ambiente; relações internacionais e uma política externa aberta e transparente; e a educação política”, elencou Ariane.
Foi o foco na educação e qualificação política que aproximou a KAS Brasil e o PSDB-Mulher, unidos no esforço de capacitar o maior número de mulheres possível para a vida pública.
“A presença de mulheres na política é o objetivo do PSDB-Mulher, o maior de todos, porque enquanto não tivermos mulheres nos espaços de poder, vai tudo sendo feito na ponta da faca, e a mão acaba machucada. Graças a essa parceria, o PSDB-Mulher é reconhecido hoje nacional e internacionalmente”, pontuou Yeda Crusius.
“A união em defesa das coisas que afetam as mulheres é nosso treino diário, foi o que nos possibilitou conquistar o respeito que temos hoje dentro e fora do partido. Por isso parcerias como essa são tão importantes. Para que as mulheres se comprometam em compartilhar aquilo que estão recebendo, para dar a oportunidade para outras, como tanta das nossas pioneiras deram um dia”, considerou ela.
“Aprendemos com a Konrad como elaborar um planejamento estratégico para o PSDB-Mulher. Como construir capacitações para eleger mulheres preparadas, competentes, e não apenas para fazer número. Queremos mulheres preparadas como a prefeita Cinthia, a Raquel Lyra (prefeita de Caruaru-PE), a Judite Botafogo (Lagoa do Carro-PE), primeira prefeita negra do PSDB, que passaram pelos cursos da Konrad”, destacou.
“Mas não adianta a gente lutar apenas pelos cargos eletivos, de prefeita, deputada. Temos que ser mulheres que estejam nas executivas dos partidos, dos diretórios estaduais, municipais, compondo o diretório, porque é ali que as decisões são tomadas. Nós nunca tivemos uma presidente mulher do Diretório Nacional do PSDB. Por isso, é importante que a nossa luta comece lá do município, para que um dia a gente possa ter uma representante como Angela Merkel, para que a gente possa dizer: ‘chegamos lá’”, avaliou.
“São os deputados, vereadores, presidente e governadores que gerenciam a nossa vida, para o bem ou para o mal. Não adianta não querer se envolver em política partidária, porque ela envolve e determina todos os aspectos da nossa vida”, argumentou.
“Quando assumi a presidência do Secretariado, Thelma vinha fazendo o trabalho de montar o PSDB-Mulher em todos os estados, e percebi a importância de começar a capacitar nossas mulheres em todos os municípios. Com autonomia financeira para gerenciar os 5% do Fundo Partidário, conseguimos atingir as lideranças e trazer mais mulheres para política, capacitando as prefeitas em gestão, orçamento, o que pode e o que não pode, o que fez toda a diferença, para as vereadoras também”, contou.
“Como é importante o trabalho dessas mulheres quando elas se unem. Em comum, temos a vontade de ver o nosso país melhor. Fortalecer a democracia e melhorar a realidade social do nosso Brasil”, completou Solange.