Opinião

Viva a liberdade de escolha que visa o bem maior: a coletividade das mulheres

Por Yeda Crusius*

A retomada dos encontros presenciais do PSDB-Mulher, como o que ocorreu no último fim de semana em São Paulo, era uma meta após a imunização completa em meio à pandemia da Covid-19. Portanto, este “reencontro” tem um múltiplo sentido para todas nós. Nossa Carta Compromisso, gerada depois do nosso Planejamento Estratégico para 2021, ano de preparação das eleições gerais de 2022, e entregue a todos os presidenciáveis e dirigentes partidários em junho, foi assinada pelo governador João Doria. Recebemos de lideranças importantes o apoio às nossas bandeiras, sobretudo da paridade de gênero, e anunciamos que o nosso segmento respeita de fato a liberdade individual e que cada uma pode e deve declarar sua intenção de apoio ao candidato, nas prévias do partido, que melhor atende seus anseios.

Fomos a São Paulo, convidadas pela nossa Edna Martins, presidente do PSDB-Mulher de São Paulo. Na capital paulista, recebemos em mãos do governador Doria a nossa Carta Compromisso assinada. Pretendemos que o mesmo ocorra com todos os candidatos às prévias do nosso PSDB: o governador Eduardo Leite, o senador Tasso Jereissati e o ex-prefeito Arthur Virgílio Netto.

Esperamos, assim, repetir e ampliar o nosso sucesso em promover eleições de Mais Mulheres na Política, sucesso conquistado em 2016, 2018 e 2020 a partir das bandeiras eleitorais, feitas para as mulheres candidatas de todo o país. Essa carta, relembro, foi enviada para TODAS AS LIDERANÇAS PARTIDÁRIAS em junho deste ano.

Por corajosa decisão tomada este ano pela direção nacional do partido, 2021 é também o ano das prévias para a escolha de nossos candidatos e candidatas para as eleições gerais de 2022. Prévias que valem para todos os níveis que assim o desejarem, estaduais ou nacional.

Nas prévias para presidente da República, há quatro candidatos, que devem fazer sua inscrição segundo as regras definidas em 20 de setembro. Aí, sim, saberemos quantos pré-candidatos temos, e que passarão a ser os candidatos para as prévias. O governador de São Paulo é um deles.

Para todos os candidatos e as candidatas, todos os líderes, a Carta Compromisso foi enviada e não é qualquer coisa, é fruto da luta das mulheres do PSDB-Mulher, com todos os itens que o grupo que a elaborou definiu: 30% dos recursos com autonomia na mão das dirigentes do nosso Secretariado, 50/50 como agenda de ocupação de espaços, e os demais, como está no Jornal PSDB Brasileiras/PSDB Mulher distribuído em São Paulo e disponível na nossa Plataforma Digital PSDB Brasileiras PSDB-Mulher. Escrevemos para valer. Assina quem quiser. O João Doria quis, fez a seu modo, em altíssimo estilo.

É aqui que quero fazer esse relato da já minha longa jornada em defesa do partido e das mulheres: nunca houve um evento que nos valorizasse tanto. Desde a palestra do almoço de 17 de setembro, seguida pelo jantar no magnífico Palácio dos Bandeirantes, com os anfitriões João e Bia, fruto de equipe, organização e liderança, até o evento no Centro de Eventos do Sheraton em 18 de setembro. Um evento que reuniu quase 5 mil mulheres tucanas, apenas de um estado, não nasce do nada!

É preciso a decisão e de gestão de um líder e este foi João Doria. A palavra aparentemente tão técnica, mas que quer dizer o que vimos no evento. Formação de equipe, clareza no objetivo, estratégia de ação, olho do chefe, cuidado em cada detalhe, RESPEITO E COMPETÊNCIA. Esse evento nos ligou na tomada, conectando-nos a quase 5 mil mulheres que fazem política, de todas as raças e religiões, de todas as orientações sexuais, de todas as idades e faixas de educação e renda. Nunca houve nada igual para nós.

A palestra que antecedeu o encontro foi com o diretor do Butantan Dimas Covas e a diretora de assuntos estratégicos do Instituto Cíntia Lucci. Palestra que não foi apenas reveladora e técnica. Foi emocionante. São eles que conduzem a produção da vacina CoronaVac! Dimas Covas e Cíntia revelaram para nós, da Coordenação Executiva do PSDB-Mulher, detalhes com muita emoção, pois desde fevereiro de 2020, convivemos com o espectro da morte à nossa frente, afetando nossos corações, motivando nosso choro pelas perdas que todas vivenciamos. Nossa experiência com o vírus que entrou em muitas de nós causando consequências individuais dolorosas e sem dimensão a ser comparada a outras situações.

Com a consciência de que o mesmo se deu com cerca de 600 mil pessoas, mortas pelo vírus! Essa pandemia é transformadora: um alerta para a tremenda desigualdade que é a separação dos brasileiros entre aqueles que entendem o vírus e a vacina e que desejam intensamente, urgentemente, e aqueles que negam essa realidade.

Infelizmente muitos rejeitam essa realidade científica porque não entendem o que é um vírus e o quanto representa uma vacina. No fundo, não compreendem o que é a vida. Foi o líder João Doria que deu a segurança ao Butantan com seus 3 mil servidores de que podiam trabalhar, pois defendia a vacina e deu todos os passos corajosos para tê-la – e temos.

Todos nós, brasileiros, apesar do horror do presidente Bolsonaro e de seus seguidores, tentando impedir sua produção e sua aplicação! O que falta para acordarem de seu sono negacionista? Mas tivemos João Doria e sua capacidade de trabalho e ação.  E na nossa reunião ouvimos o relato de quem participa de todo processo de desenvolvimento da vacina e como eles, os especialistas, lidam direto com o tema vencem os imensos desafios dessa pandemia terrível.

Finalmente, meu relato pessoal: a placa e o vídeo em minha homenagem. Considero ambos uma homenagem à mulher, todas as mulheres, em especial as que escreveram a história e levam o nosso PSDB-Mulher. Ali, acompanhado pelas quase 5 mil mulheres do evento! Até a imprensa estranhou e indagou ao governador Doria: “Por que mulheres para esse primeiro evento nesse período de prévias?”. Sem titubear, Doria respondeu: “É um evento organizado pelo PSDB-Mulher de São Paulo, para receber mulheres de todo o Brasil e eu assinar a Carta Compromisso que elas elaboraram, e com a qual concordo”.

Compromisso. Isso não sabemos o que é, qual o seu significado, não é mesmo, já que militamos há 22 anos na defesa de tudo o que ela propõe para nossas lideranças partidárias? Algumas já assinaram. Mas nenhuma deu a importância que o evento em São Paulo demonstrou.

Então, minhas amadas parceiras de luta, minha Equipe 24 horas, que registremos e compartilhemos o que lá recebemos. Obrigada, São Paulo! Que todas as políticas de raiz, que vem desde Mário Covas, possam ir crescendo por todo o solo brasileiro, respeitadas as imensas diferenças e a tremenda diversidade de que nosso país é feito, para mulher da floresta, a dos sertões e suas veredas, a do agreste e a do Centro-Oeste, para a mulher da agricultura familiar, a que mexe o alimento na panela enquanto carrega seu bebê pelo outro braço, a mulher que sofre da violência praticada pelo companheiro que a tem como objeto de posse pessoal por não entendê-la como portadora e liberadora da vida e por isso temê-la, a mulher que toma ônibus ainda dia escuro para buscar seu sustento e de sua família.

Enfim, que as políticas públicas que conhecemos em nossas comunidades e que foram formando raiz em solo paulista possam encontrar condições para se expandir por todo o solo brasileiro. Peço, por favor, que compreendam: minha opção por João Doria nessas nossas prévias é pessoal. Defendo a liberdade de escolha de cada uma nesse processo porque confio e acredito verdadeiramente que ninguém tutela nosso voto pessoal, nosso direito de escolha e nossa liberdade de expor essa escolha!!!

*Yeda Crusius é presidente do Secretariado Nacional do PSDB-Mulher, economista, foi ministra do Planejamento (1993), governadora do Rio Grande do Sul (2007 a 2011) e deputada federal por quatro mandatos. Foi professora universitária da área de economia.