Tucanas reagiram nesta terça-feira (24) com perplexidade ao pronunciamento em que o presidente da República, Jair Bolsonaro, criticou as ações adotadas por governadores, como o fechamento de comércios e escolas, acusou a imprensa de causar histeria na população e minimizou os efeitos do novo coronavírus.
“Jair Bolsonaro fez um discurso criminoso, irresponsável, obtuso, que beira a promoção de um genocídio. Escravo da soberba. Sua fala desqualifica o exemplar trabalho de seu ministro da Saúde”, disse a senadora Mara Gabrilli – eleita por São Paulo, estado que concentra a maior parte dos casos.
A deputada federal Shéridan (RR) pediu aos brasileiros que ignorem os pronunciamentos do presidente e continuem seguindo as recomendações das autoridades de saúde. A parlamentar afirmou que esse tipo de posicionamento adotado pelo presidente pode surtir efeito contrário e causar mais pânico.
“Um pronunciamento como este não tranquiliza ninguém. Pelo contrário, gera preocupação em todos que vemos que o presidente ainda não trata a crise com a seriedade com que corretamente o fazem o ministro Mandetta e os governadores”. A tucana ainda criticou os ataques feitos a imprensa. “Pesquisas mostram que a imprensa tem liderado na confiança em informações sobre o Covid-19. O presidente insiste em atacar a imprensa num momento em que jornalistas estão se dedicando a informar a população”, protestou.
Rose Modesto (MS), deputada federal e ex-vice-governadora de Mato Grosso do Sul, salientou que pedir a “volta à normalidade” e o fim do “confinamento em massa” significa sacrificar vidas.
“Hoje voltar à normalidade significa sacrificar vidas! Devemos combater o Coronavírus como temos feito: ações concretas e união da população, que entende a importância das políticas públicas pelas quais temos trabalhado. Fiquem em casa! Juntos saíremos dessa mais fortes!”.
A deputada federal Tereza Nelma (AL) caracterizou a fala do presidente Bolsonaro em rede nacional como “irresponsável e imoral”.
“Vai de encontro ao que estamos vivendo: uma grande pandemia mundial que tem levado vidas e acabado com famílias. O isolamento social é uma necessidade imediata para que evitemos o estrangulamento do sistema de saúde e possamos dar a melhor assistência a quem precisa”, defendeu.
Gestores tucanos
A prefeita de Palmas, capital do Tocantins, Cinthia Ribeiro, afirmou que não colocará em jogo vidas e que irá manter as medidas adotadas contra o covid – 19 no município.
“A luta é para permanecermos vivos. Não há precedentes na história do mundo sobre o que estamos enfrentando. Até [q] me prove o contrário, estatisticamente e de forma muito segura… em Palmas vamos permanecer seguindo as medidas adotadas. São vidas em jogo, não vamos arriscar! Já decretamos estado de calamidade e temos muita responsabilidade em tudo isso. Nossas melhores armas são a ciência, a informação correta e a responsabilidade individual. Por isso afirmo: todos em casa para a sobrevivência de todos. Que Deus nos abençoe!!!”, comunicou em sua rede social.
Em vídeo divulgado logo após o pronunciamento do presidente Bolsonaro, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, fez um apelo à população para que mantenham o isolamento social para o “bem de todos” e destacou que o momento é de união. “Estamos enfrentando o covid-19 com muita seriedade e transparência. A doença é séria e causa mortes. Por isso, sacrifícios são necessários”.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, afirmou que a prioridade que se faz urgente é proteger vidas.
“É urgente encontrar alternativa ao confinamento. Mas não se faz isso c/ ataques à ciência e cautela médica mundialmente estabelecidas. Não deixamos de olhar economia/empregos. Mas não assistiremos inertes a uma doença se alastrar. Protege-se: 1) a vida; 2)os empregos. Nesta ordem”, frisou.
Ao anunciar o primeiro óbito na cidade em decorrência do coronavírus, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, destacou como medida mais eficaz é o isolamento e afirmou que o “momento é muito grave, precisamos da conscientização e participação de todos”.
“Isso não é uma questão jurídica, ideológica. É uma questão fática e de saúde”, ressaltou.
Até o momento, o Brasil registra 46 mortes e 2.201 confirmações da doença.