Opinião

“Pandemia e a importância do trabalho científico de mulheres”, por Yeda Crusius

Foto George Gianni/ObritoNews

A pandemia do Coronavírus alterou a vida de todos no mundo. Não é diferente conosco no Brasil. Ainda não está claro como enfrentaremos ou quais serão as consequências desta crise sanitária. Nada será como antes. Mudarão orçamentos, relações, investimentos, o uso da tecnóloga, as comunicações – tudo.

A crise deu visibilidade à atuação de algumas mulheres cientistas. Duas delas são brasileiras de gerações diferentes, Jaqueline de Jesus (30) e Ester Sabino (60), que sequenciarem, em apenas 48 horas, o genoma do novo coronavírus.  Elas não estão sozinhas nessa jornada para melhorar a vida no planeta.

Em outubro do ano passado, também na área da saúde, a neurocientista Natália Mota, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), destacou-se como a única representante da América do Sul, entre 11 cientistas, a ser indicada ao prêmio “Nature Research Awards for Inspiring Sciente and Innovating Science 2019”.

Reconhecimento ao método que desenvolveu, por meio de um algoritmo computacional, que consegue diagnosticar em poucos minutos a esquizofrenia através da fala do indivíduo com até 90% de precisão.

De acordo com o relatório “A Jornada do Pesquisador pela Lente de Gênero”, recém-publicado pela editora científica Elsevier, a proporção entre homens e mulheres que publicam pesquisas no Brasil está cada vez mais próxima. Foi constatada uma proporção de 0,79 mulher para cada homem que publica artigos no país.

A ciência e a expectativa de mudança

Uma notícia auspiciosa para o Brasil, que ainda registra uma das maiores desigualdades de gênero na América Latina, segundo levantamento divulgado em dezembro de 2019 pelo Fórum Econômico Mundial (WEF). Ocupamos o 22º lugar entre os 25 países da região, sendo que as maiores disparidades foram detectadas na política e nos salários.

Em entrevista à Scientific American Brasil, Natália Mota mostra sua expectativa de mudança desse quadro: “Muitas pessoas acreditam que quando alguém tem uma visibilidade em uma indicação como essa, por exemplo, pensa ‘Nossa, ela é uma exceção à regra’. Não, não sou uma exceção à regra. Assim como eu, há várias mulheres no Brasil que fazem trabalhos excepcionais e que garantem uma solução prática para problemas do nosso dia a dia. A ciência nos dá essa esperança”.

A lições da crise mundial

Tomando o exemplo do que está acontecendo na área da educação: escolas, faculdades, organizações sociais, fecham por tempo indeterminado, mas promovem o ensino à distância. O que reforça o acerto da decisão do PSDB-Mulher de buscar um método inovador para preparar nossas candidatas para a renovação nas prefeituras e Câmaras de Vereadores de todo o Brasil, nas eleições municipais de 2020.

Decidimos preparar e capacitar as futuras candidatas e suas assessorias através de cursos à distância (EAD). A expectativa é de que teremos mais de 10 mil candidatas, e queremos que todas elas possam ter a oportunidade dessa capacitação, normalmente feita de modo presencial e para poucas.

Para isso é preciso que estejam conectadas. Que as cidades permitam essa conexão. Que elas conheçam como funciona e como podem se beneficiar dessa revolução tecnológica, melhorando suas próprias vidas e a dos seus familiares e concidadãos.

Por isso, incluímos entre as bandeiras eleitorais que nossas candidatas defenderão nas eleições deste ano o compromisso de garantir cada município do país tenha acesso à internet, hoje o fundamento principal para a inclusão e o desenvolvimento.

As mulheres seguem dispostas a fazer a diferença no Brasil e no planeta!

(*) Yeda Crusius – Ex-governadora do Rio Grande do Sul, ex-ministra do Planejamento do Governo Itamar, deputada federal por 4 mandatos e atual presidente nacional do PSDB-Mulher

Artigo publicado originalmente na coluna do Noblat, na Veja, em 22 de março de 2020