No país, a cada quatro horas uma menina com menos de 13 anos é estuprada, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O estudo mostra ainda que assassinatos no Brasil caíram 11%, enquanto mortes nas mãos da polícia aumentaram 19%, cujas vítimas são homens (99%), negros (75%) e jovens (78%)
No último ano, 63,8% dos estupros reportados à polícia no Brasil foram cometidos contra vulneráveis — casos em que, como Ana, a vítima tem menos de 14 anos e é considerada juridicamente incapaz de consentir uma relação sexual; ou ainda em que o abusado não consegue oferecer resistência, seja por deficiência, enfermidade ou por estar sob o efeito de drogas.
Dados
Os dados estão do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, lançado na manhã desta terça-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para a diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, o assunto representa grande sensibilidade e alerta para a subnotificação dos casos.
O Anuário revela que o Brasil nunca teve tantos casos de estupro quanto em 2018, com recorde de 66.041 registros — um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Por dia, 180 pessoas foram violentadas no país.
Números
Segundo o Anuário, 81,8% das vítimas são do sexo feminino, e 18,2%, masculino. Em relação à raça, 50,9% são negras, 48,5% brancas e 0,6% amarelas. No caso do estupro de vulneráveis, o ápice da violência sexual ocorre aos 13 anos entre meninas. Para os meninos, a maior concentração de registros é por volta dos sete anos.
O levantamento mostra ainda que 75,9% dos agressores são conhecidos das vítimas. Do total de estupros reportados, 93,2% tiveram autoria única e 6,8% foram cometidos por mais de um abusador.
Agressores
Os homens são maioria (96,3%) entre os autores. Crimes sexuais estão entre os menos reportados à polícia — seja por medo de retaliação e do julgamento, seja pelo descrédito nas instituições de justiça e pela dificuldade de comprovação do crime.
Nos Estados Unidos, a taxa varia entre 16% e 32%, a depender do estudo. O mais recente, publicado em dezembro passado pelo Departamento de Justiça Americano, mostrou que 23% dos abusados levou o crime à polícia
*Com informações de O Globo e El País.