Em meio às queimadas na Amazônia , a vereadora de Piracicaba, Nancy Thame (SP), ressaltou, durante a 46ª reunião ordinária, a importância de conciliar a soberania nacional sobre o bioma com o diálogo com outros países, cujos mercados são abastecidos por itens brasileiros.
“É claro que existem os interesses europeus na concorrência de produtos, só que, por outro lado, os mercados internacionais estão cada vez mais sensíveis às questões ambientais, e aí seria inteligente, da nossa parte, enxergar que temos o privilégio e um diferencial imenso em relação a outros países.”
Em seguida, Nancy Thame acrescentou que: “A biodiversidade brasileira traz mais de 103 mil espécies animais e de 43 mil espécies vegetais. Temos 55% da cobertura vegetal nativa de todo o planeta e 15% da água doce. Não precisa explicar o que isso significa”.
Fragilidade
A vereadora criticou o governo Jair Bolsonaro por fragilizar instituições federais, como o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e o tom adotado no trato das queimadas na Amazônia com outros países.
“Fazemos estrago totalmente desnecessário à nossa imagem, muitas vezes descumprindo a Constituição Federal e tratados internacionais, que não são só para ser assinados, mas cumpridos.”
Segundo Nancy Thame, o conflito global envolve muitos atores e “não podemos fazer a política de isolamento, de brigar com todo mundo. Política não se faz assim; a diplomacia brasileira sempre foi muito respeitada”.
Para a vereadora, o país deve adotar práticas de produção atreladas ao uso racional da terra e à preservação de seus biomas. “É incrível que não consigamos enxergar que a árvore em pé pode valer muito mais que a árvore deitada. Usamos 75% das nossas terras para produzir boi e frango e 25% para produzir todos os outros alimentos que estão na nossa mesa”, disse.
Conhecimento
Nancy Thame defendeu que os ganhos que o país pode ter com “a riqueza e o conhecimento que estão contidos na biodiversidade brasileira” passam por diálogo e parcerias com outras nações.
“O Brasil poderia sair na frente com tudo o que tem; não precisamos ficar subalternos a nenhum país, nem nos digladiarmos com falas superficiais”, afirmou. “Não é brigando com todo mundo que vamos conseguir. Não caminhamos sozinhos, nem temos que ser subservientes a ninguém”, acrescentou.
*Com informações da Câmara de Vereadores de Piracicaba (SP).