Opinião

“Mulheres são mais vulneráveis à flexibilização das armas de fogo ”, por Adriana Vilela Toledo

Arquivo Pessoal

Considerando dados de cinco anos atrás e que ainda são bem atuais, cinco brasileiros morrem por hora no país por causa das armas de fogo. São 123 mortos por dia! De 1980 a 2014, 987.851 homens, mulheres e crianças morreram, por quê? Pelo uso das armas de fogo.

Diante disso, a pergunta que se faz é: o momento é adequado para flexibilizar o uso de armas de fogo? Os dados indicam que este é o melhor caminho?

Há um risco iminente à vida das mulheres. Sim, nós, mulheres, não temos a cultura nem o hábito de andarmos armadas. Armas de fogo então é algo impensável para a maioria. Com a flexibilidade do uso dos armamentos, mais uma vez estaremos vulneráveis.

Não se combate violência com violência. O Estado não pode transferir para o cidadão a responsabilidade pela segurança. O cidadão paga impostos também para ter garantias de segurança pública.

Com o placar de 47 votos favoráveis e 28 contrários, o Senado Federal votou, na semana passada, pela derrubada do decreto presidencial que flexibiliza a posse e o porte de armas no Brasil.

A anulação definitiva do decreto depende da confirmação do Plenário da Câmara dos Deputados, o que pode ocorrer ainda neste mês de junho. Até a definição dos deputados federais o texto do presidente Jair Bolsonaro continua em vigor.

É importante ressaltar que só em São Paulo, 48% das agressões contra mulheres, segundo as denúncias, ocorreram pelo uso de vários tipos de golpes. Nos casos de feminicídio, são elas, as armas de fogo, elementos presentes e constantes em quaisquer regiões do país.

A pesquisa Raio-X do Feminicídio em São Paulo, feita pelo Ministério Público do estado, mostra que 66% das agressões a mulheres ocorrem na casa onde vivem. Estudos mostram que a cada três mulheres atacadas, uma morre.

Os dados de Norte a Sul comprovam que os agressores “preferem” as armas de fogo. Pelo menos 17% das vítimas sofreram ataques com armas de fogo.

Com plena convicção, reafirmo que só combatemos a violência no país com a polícia estruturada, inteligência qualificada e medidas efetivas de prevenção. Este é o caminho para a qualidade e preservação de vida, sobretudo, das mulheres, dos jovens e das crianças.

*Adriana Vilela Toledo é pedagoga, especialista em administração pública e presidente do PSDB Mulher de Maceió (AL).