
A presidente do PSDB-Mulher da Paraíba, Iraê Lucena(PB), classificou como “lamentáveis” as declarações do presidente nacional do PSL e recém-eleito segundo vice-presidente da Câmara dos Deputados, Luciano Bivar, de que a maioria das mulheres não têm vocação para a política.
No último domingo (10) domingo, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem mostrando que o PSL nacional destinou a terceira maior fatia de verba pública de campanha para uma candidata inexpressiva de Pernambuco ligada ao grupo político de Bivar. Ao falar sobre o assunto, o líder do PSL criticou as regras que definem uma cota mínima de candidatas e de verbas para as mulheres argumentando que elas não têm, em sua maioria, vocação para a política. “[A política] não é muito da mulher. Eu não sou psicólogo, não. Mas eu sei isso”, disse.
“Foi muito infeliz a fala dele em um momento de crescimento feminino dentro da política. As eleições do ano passado deixaram isso mais do que claro. Tivemos recorde de candidaturas de mulheres tanto para a Câmara, quanto para o Senado. Não temos mais espaço para este tipo de mentalidade”, opinou a tucana.
Iraê Lucena usou o PSDB como exemplo desta ascensão das mulheres dentro do universo político. “Em comparação com 2014, nossa bancada registrou um crescimento de 60%. Nas assembleias legislativas, houve um aumento de 30%. Além disso, Mara Gabrilli foi eleita senadora por São Paulo com mais de 6 milhões de votos, um recorde de votação”, disse.
Candidatura Laranja
Ainda de acordo com a Folha, o grupo de Bivar criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição de 2018. Maria de Lourdes Paixão, de 68 anos concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos. Segundo o jornal, ela foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Jair Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.
Na opinião da tucana, a postura da mulher diante de propostas de fraudes eleitorais é fundamental para o combate a este tipo de prática. Para ela, é preciso recusar e denunciar todas as vezes que um homem sugerir candidatura ilícita. “Nós não podemos aceitar mais este tipo de conduta depois de tantos avanços que conseguimos na área eleitoral. Precisamos ter coragem de dizer não e zelar pelo nosso nome. Candidatura laranja é crime”, alertou.
Iraê também ressaltou a importância do compromisso dos partidos com o cumprimento das cotas e com o aumento da representatividade feminina. Na opinião dela, as mudanças na legislação também contribuem para o combate à fraude nas candidaturas de mulheres.
“Nessa eleição foi uma coisa atípica ainda existirem candidatas laranjas porque para as mulheres receberem recursos do Fundo Eleitoral elas tinham que prestar contas de tudo. Ficou muito difícil de driblar a lei nesse sentido. E ainda assim nos deparamos com alguns casos. Defendo a fiscalização cada vez maior e punição para estes casos”, concluiu.
Reportagem Tainã Gomes de Matos