Levantamento feito pelo Estadão com base em dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, disponíveis no portal Datasus, revelou que embora os homens sejam maioria absoluta entre as vítimas de armas de fogo no país, o índice de mulheres mortas a tiros dentro de casa é quase o triplo do registrado em relação ao sexo masculino.
O estudo mostra que dos 46.881 homens mortos por armas de fogo em 2017, último dado disponível no sistema, 10,6% morreram dentro de casa. No caso das 2.796 mulheres mortas da mesma forma, 25% foram vitimadas dentro do próprio lar.
De acordo com o jornal, a diferença de locais de ocorrência de mortes de homens e mulheres reafirma estatísticas criminais já conhecidas de que boa parte dos autores de violência contra a mulher são do seu núcleo de convivência, como marido, namorado, pais, tios e vizinhos, etc.
A promotora de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (Gevid) do Ministério Público de São Paulo, Silvia Chakian, acredita que a flexibilização da posse de arma no País, definido em decreto do presidente JairBolsonaro, pode agravar o cenário e aumentar o número de feminicídios no País.“Discussões que hoje terminam num empurrão ou num tapa podem terminar num feminicídio se o agressor tem fácil acesso a uma arma”, disse a especialista ao Estadão.
Fator de risco
Diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques destaca que a análise de boletins de ocorrência de violência contra a mulher mostra que armas de fogo também são usadas por um parceiro agressor para intimidar a vítima. “Nesses casos, a mulher fica com mais medo e acaba se submetendo a um relacionamento violento”, diz ele.
*Com informações do G1