
Marcos históricos de igualdade de direitos deram vida a mostra “Women Now”, de 17 artistas contemporâneas baseadas na Áustria e nos EUA sobre hierarquia de gênero e estruturas sociais. Montada pela Austrian Cultural Forum de Nova York, a mostra é de curadoria de SabineFellner, que já organizou uma exposição com imagens desde 1900 da maternidade no museu de arte Lentos, em Linzo.
A curadora conta que procurou abordar a ditadura da beleza e as críticas de estruturas exploratórias, assim como hierarquias de gênero e classe. “Eu estava procurando por artistas que lidassem com a visão predominante do papel da mulher na sociedade. As posições delas são caracterizadas por uma preocupação com questões fundamentais de existência, possibilidade de autodesenvolvimento, posição social, solidariedade feminina ou competição e relações de gênero”, afirma.
Todas as questões são abordadas nas obras. Na mostra da búlgara Sevda Chkouutova, o desejo feminino e seu sentido com as atribuições sociais e normas são explorados. Um mural que que ocupa dois andares traz, no canto inferior direito, uma mulher nua, deitada numa cama se masturbando. A peça não tem nada de sensual porque o olhar da personagem traz temor e não luxúria. Já na parte superior, há desenhos em vermelho de mulheres em poses supostamente sensuais. Ao invés de despertar desejo, a violência das imagens se sobressai no quadro.
A americana Joan Semmel e a austríaca Claudia Schumann abordam o papel da mulher mais velha. Cláudia apresenta um autorretrato sob a forma de um tríptico. O objetivo é confrontar as expectativas com seu papel na sociedade e as normas de beleza da época.
Com uma data 49 vasilhas de porcelana com nomes de mulheres, vivas ou morta, foram apresentadas pela austríaca UliAigner. No projeto iniciado em 2014 denominado “UnMillion”, ela quer produzir um milhão desses vasos antes de morrer. Cada item tem uma numeração que permite que eles sejam localizados no Google Maps, criando uma rede global de todos os proprietários dos objetos. Eles são vendidos ou dados pela artista.
A curadora destaca que as obras são importantes para tocar na desigualdade de gênero em museus, mostras e no mercado da arte como um todo. “As conquistas da geração de vanguarda feminista formada em 1968 ainda precisam ser reforçadas e cimentadas em uma base diária”, diz. A exposição vai até 18 de fevereiro.
*Com informações do Jornal Folha de S.Paulo