Estudo do Ministério da Saúde com base em registros de óbitos e atendimentos de saúde na rede pública revelou que agressão física foi a principal causa de mortes de mulheres relacionadas à violência. Das 6.393 mortes registradas entre 2011 e 2016, houve agressão.
O principal local de ocorrência foi a casa da vítima e em 33% dos casos há registro do uso de álcool pelo agressor. Os principais meios de violência nas mulheres adultas (30 a 59 anos), foi o espancamento (19,4% dos casos) e agressões com objetos perfurocortantes (15,1%). Em 25,8% das agressões contra adolescentes (10 a 19 anos) e 21,1% contra jovens (20 a 29 anos), a arma de fogo foi o principal meio de agressão.
Os números podem ser ainda maiores, porque não estão contabilizados os atendimentos particulares afirma a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da pasta, Maria de Fátima Marinho Souza, coordenadora do trabalho.
“Os dados representam histórias como a de Jerusa, de 37 anos, identificada pelo ministério. Em junho de 2015, ela procurou o hospital público com lesões após ser espancada por seu companheiro, João. O registro feito na época já indicava que as violências ocorriam repetidamente. Mas após o atendimento e a notificação, nada mudou. Jerusa continuou vivendo com o companheiro, que permaneceu impune. Oito meses depois, foi morta pelo marido”, relatou.
A violência contra as mulheres ocorre em todas as faixas etárias. Idosas e crianças têm maior risco de morte, entre 2011 e 2016, 752 idosas foram mortas e 294 crianças até 9 anos de idade morreram por violência externa. A maioria dos agressores nas crianças são os familiares (72,9%). No caso de mulheres jovens, os parceiros íntimos foram responsáveis por 36,5% dos casos. Para Maria de Fátima, a impunidade reforça a violência.
*Com informações da Revista Veja