A primeira parte das obras emergenciais no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na zona Norte do Rio de Janeiro, chegou a 51% após 100 dias do incêndio que destruiu prédio histórico. De acordo com o diretor do museu, Alexandre Kelner, já foram recuperadas dos escombros 1.500 peças e conjuntos, mesmo antes da etapa de salvamento ter sido iniciada.
“Estamos na fase de escoramento do prédio, de proteger o prédio para podermos entrar e fazer o salvamento. O que nós fizemos foi onde a empresa [contratada para as obras emergenciais] tem que trabalhar – a equipe vai, retira o material e volta. É claro que, de vez em quando, a gente faz incursões procurando material, como foi [o caso] da Luzia e dos meteoritos. Mas a fase de salvamento propriamente dita vai se iniciar em algumas semanas”, detalhou Kellner.
Em outubro, o museu informou que conseguiu recuperar fragmentos do crânio de Luzia, mais antigo fóssil brasileiro. Na semana passada foram expostas peças recuperadas do incêndio que fazem parte das coleções de Pompéia, do Egito e do México, de arqueologia e de minerais.
Kellner informou que a cobertura provisória do prédio deve ficar pronta em um mês. “Com a cobertura, consegue-se trabalhar. Aí vai ter várias equipes trabalhando em salas diferentes, é como se tivéssemos sítios arqueológicos diferentes em cada um dos espaços do museu. Essas equipes vão fazer, então, minuciosamente, o resgate do material. É um trabalho que demora muito tempo e tem que ser feito com cuidado, para que não se perca informação. E é tudo de que a gente não precisa.”
O diretor do Museu Nacional destacou que o trabalho tem conseguido recuperar mais material do que os pesquisadores esperavam. “Desde o começo, eu não estava pessimista, nem otimista. Agora estou entusiasmado, porque estamos coleando muito mais material do que a gente esperava, e de uma forma muito melhor. A Luzia a gente sempre tinha esperança, mas esperava achar uma meia, um quarto de Luzia. Mas encontramos praticamente tudo. Vai dar pra reconstruir”.
Em entrevista coletiva, o secretário executivo do Ministério da Educação (MEC), Henrique Sartori, destacou que, além dos R$ 10 milhões liberados para as obras emergenciais em andamento, a pasta repassou R$ 5 milhões para elaboração do projeto executivo, a cargo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
No evento, foi anunciada ainda a destinação de R$ 55 milhões em emendas parlamentares da bancada federal do Rio de Janeiro, além de 190 mil euros doados pelo governo alemão e verbas para pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que vai repassar R$ 2,5 milhões.
De acordo com o MEC, está prevista ainda para o ano que vem verba de R$ 45 milhões que será destinada à recuperação de prédios históricos das universidades federais. A pasta vai lançar um edital para selecionar os projetos. Segundo Sartori, a equipe de transição de governo está receptiva a essas pautas e demonstrou interesse em dar continuidade ao projeto de recuperação do Museu Nacional.
*Da Agência Brasil