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Tucanas são contra modificação genética em bebês

Foto: EBC

He Jiankui, um cientista chinês, revelou na semana passada que teria criado os primeiros bebês modificados geneticamente, resistentes ao vírus HIV. Na  segunda-feira (05) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a agência vai criar um grupo de trabalho para avaliar os riscos de modificações genéticas.

Tucanas expressaram oposição a esse tipo de pesquisa científica. “A ciência está evoluindo tão rápido que chega a ser assustador. Deus é um ser único. Não devemos de forma alguma gerar bebês geneticamente projetados, ou nascidos de embriões escolhidos dentre vários,” disse Eliana Rodrigues, Vice-Presidente do PSDB-Mulher do Mato Grosso do Sul.

A tucana Denise Aspásia compartilha da mesma ideia. “Eu acho a proposta um absurdo! Acho que tem que ter um limite. Você não pode testar modificação com pessoas, com humanos. Acho também um absurdo a OMS avaliar os riscos. Não tem que avaliar, tem que não deixar fazer.”

Supostamente, a ideia do chinês seria de proteger filhos de pais com HIV de contrair a doença. A Coordenadora de Formação e Cidadania do PSDB-Mulher do Distrito Federal, Mônica Alvares, acredita que antes de fazer qualquer tipo de avanço como esse, primeiro a conduta humana deve ser melhorada.

“Antes da gente querer criar o ser humano perfeito e isentar das suas dores, acho que a gente tinha que melhorar a conduta humana, porque Aids muitas vezes se pega por práticas sexuais inadequadas. Eu acho perigoso o ser humano brincar de Deus, intervir na criação, intervir na genética, querer solucionar, querer evitar a dor, querer evitar a doença, eu acho que isso faz parte do contexto humano”, disse.

A médica Adriana Gabas Migliol, que faz parte do PSDB-Mulher do Mato Grosso do Sul, alerta sobre as consequências futuras que esse tipo de modificação pode trazer. “Você pode até proteger do vírus da Aids, mas você não sabe se essa mudança não vai trazer repercussão no futuro em desenvolvimento neurológico. Você está falando de gente de ser humano”.

Para ela deve haver um limite na pesquisa científica. “Na comunidade científica, existem os conselhos de ética no mundo que analisam quais pesquisas podem ser feitas e quais não. Por exemplo, lá em Cuba o Fidel Castro se manteve muitos anos vivo porque ele usava célula de fetos dos abortos de mulheres estupradas. Então assim, eu sou contra o homem querer ser Deus. Quando você sai do limiar de medicina ou de pesquisa para trazer qualidade de vida e você começa a querer mudar a vida, o ser humano, está querendo brincar de Deus. Aí já deve haver um limite. A gente não é Deus”.

O local onde He Jiankui trabalhou, a Universidade de Shenzhen, anunciou que vai investigá-lo. Ela declarou que se sente “profundamente chocada com o caso” e o intitulou como “uma grave violação da ética e dos pilares acadêmicos”. Documento de oposição ao cientista já foi assinado por mais de 120 cientistas chineses.

Reportagem Karine Santos, estagiária sob supervisão