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Saída de profissionais cubanos do programa Mais Médicos preocupa tucana

O Ministério da Saúde informou neste domingo (25) que 96,6% das 8.517 vagas oferecidas pelo novo edital do Programa Mais Médicos já foram preenchidas. Apesar do rápido preenchimento das vagas, gestores de saúde têm dúvidas sobre a apresentação e alocação desses médicos. O problema é saber se esses profissionais vão aceitar o trabalho em áreas mais remotas, de acesso difícil e com problemas de infraestrutura, como inexistência de sinal de internet e fornecimento de energia instável. A Presidente do PSDB-Mulher de Rondônia, Vanessa Trindade de Melo, está preocupada com os rumos da mudança estabelecida.

“Eu fico preocupada com a nossa situação, a saúde atual. Nós vamos ficar ao relento como sempre, né. Nisso quem vai ser prejudicado é nossa população. Eu fico triste com a situação que vai encontrar o nosso país hoje com a saúde que é um caos e nós não temos demanda para suprir, não temos médicos para suprir essa demanda que cada vez mais aumenta. É um descaso com a população, é um descaso com o nosso Brasil.”, opina a tucana.

Cuba encerrou o convênio com o governo brasileiro no programa na semana passada. Em comunicado, o governo cubano alegou que o fim da parceria era devido declarações do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que tem criticado a formação dos médicos cubanos e manifestado a intenção de alterar as regras atuais do Mais Médicos.

Os profissionais cubanos começaram a deixar o Brasil no último dia 20. Assim como gestores da saúde, as prefeituras temem a desassistência da população. Outro fator preocupante é intervalo entre a saída dos médicos cubanos e o início das atividades dos novos médicos.

Sobre o convênio

Muitos médicos cubanos se sentiam explorados pelo programa. Dos R$11,4 mil  mensais pagos pelo Brasil ao governo cubano por profissional do programa Mais Médicos, eram repassados ao médicos apenas R$ 2.976. Vanessa de Melo é critica desse aspecto do programa. A tucana afirma que o acordo feito entre os países, acabou desvalorizando a mão de obra desses profissionais.

“É uma questão vergonhosa! É uma exploração o médico ficar com uma porcentagem mínima e o restante ficar para Cuba. É uma desvalorização do profissional da saúde, que está ali salvando vidas. A pessoa passou a vida estudando para ter um salário digno e não ficar com ele. Tinha que enaltecer esses profissionais, independente de Cuba, Brasil, qualquer país, a gente tem que enaltecê-los porque eles salvam vidas.”, disse.

Além desse valor, os profissionais recebiam da prefeitura R$2.500 para ajuda de custo com moradia e alimentação. A presidente do PSDB-Mulher de Rondônia ressalta que o valor é muito pouco, mesmo comparado ao que um médico recebe por mês em Cuba, o valor R$115. A tucana considera um absurdo a desvalorização desses médicos, principalmente, levando em conta a excelência da saúde cubana, que fez da capacitação de seus profissionais um motivo de exemplo e uma fonte de renda para a ilha.

“Estão desvalorizando essa categoria que é muito importante, que salva vidas. Estavam aqui fazendo um trabalho digno e infelizmente não recebiam o que os nossos médicos recebem. Se sujeitaram a essa situação degradante por falta de oportunidade no país deles.”, protestou.

De acordo com as informações da pasta, 8.230 profissionais já estão inscritos nos municípios onde foram ofertadas vagas e têm até 14 de dezembro para comparecer aos locais para entregar todos os documentos exigidos. Até agora, 40 médicos já se apresentaram nas unidades básicas de saúde. A fim de selecionar a melhor vaga, médicos correram para agilizar o processo. Os profissionais podem selecionar e confirmar a vaga que desejam ocupar imediatamente após a inscrição. Conforme forem sendo preenchidas, as vagas deixam de ser disponibilizadas no sistema.

Reportagem: Shirley Loiola