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Maiores que população de Portugal e Peru, votos brancos, nulos e abstenção registram recorde

A polarização do cenário de disputa presidencial e o alto índice de rejeição dos candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) nas eleições de 2018 fizeram com que muitos brasileiros optassem por não escolher nenhum lado nas urnas. Com isso, a quantidade de votos brancos, nulos e abstenções acabou batendo recorde e registrando a maior alta desde 1989.

A partir da redemocratização do país, com a eleição sendo disputada em dois turnos, a média de votos nulos é de 4,45%, com o pleito de 2006 registrando o maior pico – 4,7% -, ante 7,43% das eleições deste ano. Já a média histórica de votos brancos é de 1,72%. Em 2018, 2,14% do eleitorado brasileiro apertou essa opção na urna eletrônica. O fato fez com que, pela terceira vez, o presidente eleito tivesse menos de 50% dos votos totais.

Os 10.374.822 habitantes de Portugal, por exemplo, não se equivalem aos mais de 11 milhões eleitores que votaram em branco (2.486.592) ou anularam o voto (8.608.104). A quantidade de brasileiros que se abstiveram também impressiona: 31.371.595. O número de pessoas que optou por não irem às urnas é maior que a população do Peru, que tem 31.151.643 de cidadãos.

Somados, a taxa de brasileiros que lavaram as mãos quanto à decisão soma 30,87%. Ou seja, um a cada três eleitores aptos a votar preferiu ficar de fora da decisão e não escolheram nenhum dos dois candidatos à Presidência da República. Com 6,96%, Desterro de Entre Rios (MG) teve o maior índice de votos em branco, Córrego Fundo (MG) registrou 19,6% de nulos e Porto Walter (AC) marcou 47,27% de abstenção.

Além de ter a cidades com maior taxa votos nulos, Minas Gerais registrou ainda outros dois municípios em segundo e terceiro lugar no quesito. O terceiro local com maior quantidade de votos brancos também é mineiro na eleição presidencial. Na disputa governamental, o panorama foi o mesmo. O deputado federal Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) destacou que o cenário está ligado ao desinteresse com a classe política.

Citando o exemplo da eleição para governador em seu estado, o parlamentar destacou ser preciso digerir a alta rejeição dos candidatos e partidos políticos. “Em Minas Gerais, o candidato vencedor, como muitos estavam pensando, não entusiasmou tanto, haja vista o número de votos nulos e brancos no estado. Ainda estamos aprendendo com as lições das urnas e com certeza há um processo não bem claro para todos nós”, analisou.

Para o tucano, o cenário é obscuro e os desafios da alta taxa de votos brancos, nulos e abstenções se estenderão para os primeiros anos de mandato dos postulantes eleitos. “Não serei muito precipitado, pois não consigo imaginar como o governo irá lidar com esse cenário. Acredito que nem o próprio Presidente da República eleito tem ideia ainda do que irá fazer”, ressaltou, antes de fazer considerações dos caminhos a serem seguidos.

“O cenário político brasileiro atualmente está muito dividido. Com isso, o poder político do Congresso Nacional ficou muito fracionado. Seguramente, os nomes eleitos precisarão se preocupar com esse panorama e uma primeira ideia seria a formação de blocos e depois a fusão de partidos. É algo que será interessante para toda a classe política em geral”, indicou.

Reportagem Danilo Queiroz