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Mulheres ocupam quase metade dos cargos deixados por homens acusados de assédio em Hollywood

Um ano após a primeira reportagem feita pelo jornal americano ‘The New York Times’, que registrou as acusações de assédio sexual em Hollywood, em entrevista da atriz Ashley Judd fazendo revelações contra o produtor Harvey Weinstein, pode-se dizer que o escândalo transformou os corredores de poder ao deflagrar o movimento MeToo, termo usado pela atriz americana Alyssa Milano no twitter para admitir também ter sofrido assédio do produtor Harvey Weinstein, o quadro. O termo ganhou as redes dando abertura para outras mulheres narrarem atitudes desprezíveis de poderosos da indústria cinematográfica.

Cerca de 200 homens que foram denunciados por pelo menos 920 pessoas perderam seus cargos destacados e quase metade deles (43%) deles foram substituídos por mulheres. “Nunca antes vimos algo como isto. As mulheres sempre foram vistas como sendo profissionais de risco porque podem fazer alguma coisa como ter um bebê. Mas hoje, homens estão sendo vistos como contratações de risco”, constatou Joan Williams, professora de Direito e estudiosa de questões de gênero da Universidade da Califórnia em Hastings.

Apesar do assédio sexual ainda estar longe de ser eliminado dos locais de trabalho, a análise mostra que o movimento #MeToo abalou as estruturas de poder nas áreas mais visíveis da sociedade. E as mulheres estão ganhando a cada dia mais poder em organizações que tiveram o abalo do assédio sexual, trazendo efeitos de longo alcance.

Várias pesquisas já mostraram que, onde tem uma mulher liderando, os ambientes são mais respeitosos, com menores chances de ocorrer assédio e as pessoas se sentem mais seguras para denunciar qualquer abuso. Mulheres no comando tendem a contratar mais mulheres, pagá-las igualmente e trazer mais lucros paras as empresas. No governo, elas também costumam promover mais políticas públicas que apoiam mulheres, crianças e o bem-estar social.

Nas esferas da mídia e do entretenimento, grande parte das mulheres que tomaram cargos antes ocupados por homens transformaram o tom e o conteúdo do que oferecem aos espectadores. Em certos casos, as consequências do #MeToo moldaram suas decisões.

*Com informações do Jornal Folha de São Paulo