Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o desemprego vem caindo de maneira mais intensa entre trabalhadores com ensino fundamental e médio, jovens e mulheres. A informação foi divulgada nesta terça-feira (3) por meio da Carta de Conjuntura da instituição.
Segundo o estudo, a taxa de desocupação entre os trabalhadores com ensino médio incompleto caiu 3,8 pontos percentuais na comparação entre o primeiro e o último trimestre de 2017 —de 24,2% para 20,4%. Para quem tinha ensino superior, por exemplo, o recuou foi menor, de 9,2% para 7,8%.
Utilizando a mesma base de comparação, a queda entre os jovens de 18 a 24 anos foi de 3,5 pontos percentuais, de 28,8% para 25,3%, e entre as mulheres, de 2,6 pontos percentuais, a 13,2% —a taxa dos homens passou de 12,2% para 10,5%.
A carta afirma ainda que a recuperação do mercado de trabalho nos últimos meses vem surpreendendo positivamente, com o registro também avanço nos rendimentos.
No entanto, parte desse avanço dos salários reais pode refletir o forte recuo da taxa de inflação em 2017. O aumento dos rendimentos, ao longo dos últimos meses, surpreende porque ainda há um excesso de mão de obra disponível na economia, segundo o Ipea.
A oferta de empregos com carteira assinada também melhorou, conforme os dados publicados. O estudo aponta, porém, o alto grau de rotatividade dos segmentos sem carteira e por conta própria. Esses dois grupos são os que mais absorvem desempregados, mas também são os que mais demitem.
Legislação trabalhista
O efeito das novas regras trabalhistas, que entraram em vigor em 2017, está sendo apontado por especialistas como um fator de imprevisibilidade.
Para o Ipea, por um lado, a reforma trabalhista deve gerar aumento da formalização do emprego, porque estimularia “a absorção pelo mercado formal de um contingente de trabalhadores sem carteira que poderão ofertar de forma legal trabalhos intermitentes ou com jornadas flexíveis”.
Por outro lado, dizem, a lei n 13.429/2017, conhecida como Lei da Terceirização, aprovada em março, pode vir a favorecer o aumento da participação de trabalhadores por conta própria.
*Com informações da Folha de S. Paulo