Criado para reforçar a luta contra o preconceito, o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, celebrado neste 21 de março de 2018, envergonha o Brasil. No10º país que mais mata jovens no mundo, segundo dados divulgados pelas Organizações das Nações Unidas – ONU, em 2017, 71% das vítimas são negras. Não discriminamos, exterminamos. A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil.
Dados devastadores, que ficam piores se a vítima for mulher, porque nossa taxa de feminicídio é a quinta maior do mundo. Em 2015 o número de negras assassinadas aumentou 22%.
Entretanto, não existem apenas as raças negra e branca no planeta, e o Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial é explícito: “Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública”.
Essa definição é ampla, e coloca na pauta do 21 de março outras etnias, ou não seria um enfrentamento completo à discriminação racial. Como os indígenas. A cada 100 índios mortos no Brasil, 40 são crianças. É desumano pensar que em pleno século XXI ainda nos separemos segundo a cor da pele, ou origem étnica. A violência alcança, inclusive, as vozes que se erguem para defende-los, em uma escalada insana, em que falta empatia e compaixão.
Esse fenômeno é mundial, parece que estamos vivendo em tempos de ódio. A intolerância predomina e pessoas estão sendo perseguidas em função de suas raças, etnias e crenças em todo o planeta, como mostram os rohingya, em Mianmar, ou os nossos vizinhos venezuelanos. É preciso entender que a discriminação alimenta a desigualdade, a violência e o sofrimento em seres humanos como nós. Promove o deslocamento forçado de enormes contingentes de população e traz consigo a fome, a miséria e a doença.
Contra este mal ainda não existe vacina, a percepção de que somos todos iguais e merecemos da vida o mesmo tratamento e as mesmas oportunidades deve ser cultivada desde cedo. É um valor interno, daqueles que se aprende em casa e se leva para a vida.
* Yeda Crusius é presidente Nacional do PSDB-Mulher, deputada federal no quarto mandato pelo Rio Grande do Sul, ex-governadora e ex-ministra do Planejamento.