Padrões impostos pela sociedade e pela cultura condicionam formas de pensamento e ação que limitam nossa liberdade e nos fazem crer que não somos capazes.
No âmbito das construções estabelecidas pelo gênero, ainda mais rígidas, as regras obrigam homens e mulheres a seguirem verdadeiros dogmas, de fundamento religioso ou não, que determinam condutas exclusivas do masculino e do feminino.
Ao queimar sutiãs, nos Estados Unidos, ao fim da década de 1960, militantes do feminismo defenderam simbolicamente o fim de armaduras que limitam e impedem o direito de ser o que se quer ser.
Em vários outros momentos, manifestações com objetivos semelhantes buscaram reacender entre homens e mulheres a consciência para a diferenciação injusta e absurda de tarefas, de salários, de condições de trabalho, de aptidões e de comportamentos.
Ainda assim, a referência social a tais regras parece viva e fundamenta fortemente o preconceito e a discriminação, passados exatos 160 anos do movimento grevista de trabalhadoras de Nova Iorque, reprimido violentamente pela polícia e lembrado, mais de 50 anos depois, como o Dia Internacional da Mulher, 8 de março.
Quantas vezes ouvimos e assimilamos argumentos de que “tal atitude é de mulher” ou de que “José é homem, é da natureza dele agir assim”? Tantas outras vezes, repetimos: “esta cor é de menina”, “aquela roupa ou tal brincadeira é de menino”.
Considerações ainda mais limitantes reconhecem ser apenas das mães a responsabilidade pelos filhos e os cuidados com a casa; assim como ao comportamento dos pais são associados a obrigação de trabalhar fora e o “direito” de ser infiel no casamento.
Ao romper com esses padrões ao invés de simplesmente reproduzi-los, o ser humano não imagina a enorme gama de possibilidades e caminhos que poderá percorrer, agindo conforme a própria vontade, sem imposição, violência ou intolerância aos que não querem ou não conseguem viver sob tais regras.
Quanto ao futuro, daremos às novas gerações o direito a essa escolha? Só nosso comportamento dirá.
*Cristina Lopes Afonso é vereadora pelo PSDB, presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Câmara de Goiânia e fisioterapeuta especialista no tratamento de queimaduras.