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Tucanas analisam pesquisa sobre feminismo e assédio

Pesquisa, realizada pela revista Veja em parceria com o instituto MindMiners, revelou o que pensam as brasileiras sobre o feminismo e o assédio em 2018. De acordo com os dados, muitas ainda aceitam comportamentos que reforçam a desigualdade – como arcar com os afazeres domésticos e abandonar a carreira para cuidar dos filhos –  e não colocam em prática o que defendem na teoria.

A presidente do PSDB-Mulher de Mato Grosso, Euda Oliveira (PSDB-MT), e a vice-presidente do segmento cearense, Maria de Jesus Bertoldo (PSDB-CE), analisaram os dados do levantamento e concordaram que o feminismo passa por uma nova fase no mundo.

Feita pela Internet, a pesquisa ouviu cerca de duas mil mulheres de todas as regiões do Brasil, intercalando perguntas sobre conceitos e sobre amostras do seu cotidiano.

Assédio sexual

Euda de Oliveira acredita que a questão do assédio sexual está relacionada diretamente com o medo. “Muitas mulheres não denunciam por receio de algum tipo de retaliação. Se ela sofre qualquer assédio na rua, ela teme em contar para o marido e ele não acreditar. Já se o assédio vem do chefe, ela teme em perder o emprego”, disse.

Ao ser abordado o tema assédio, a pesquisa teve como objetivo comparar o número de denúncias nos Estados Unidos, onde o movimento contra o crime está no auge, com os registros feitos no Brasil.

Do total, 81% das mulheres de 25 a 30 anos disseram já ter sofrido assédio. O assobio, famoso “fiu-fiu”, também foi considerado assédio por 46% das brasileiras.

No entanto, a conclusão da pesquisa é que, apesar de reconhecerem um comportamento inadequado, as brasileiras não reagem. O levantamento deixa claro que a iniciativa mais comum (43%) é confidenciar o abuso a alguma pessoa mais próxima.

Das entrevistadas que foram assediadas, 39% não tiveram sequer essa reação. Apenas 5% foram à polícia.

Denúncia 

Para Euda, é preciso insistir na importância da denúncia. “Enquanto ficarmos caladas nada vai mudar. Toda vez que nos sentirmos incomodadas com qualquer tipo de assédio é preciso tomar as providências necessárias”, disse.

Três em cada quatro mulheres ouvidas pela pesquisa disseram que não há igualdade na divisão de tarefas em casa e um quarto delas declarou fazer tudo sozinha.

Segundo o levantamento, as brasileiras trabalham quatro vezes mais que eles — 22 horas semanais, contra cinco.

A vice-presidente do PSDB-Mulher do Ceará, Maria de Jesus Bertoldo, concordou com os dados e lamentou que esta ainda seja uma realidade em muitos lares brasileiros.

“Apesar de perceber uma sutil mudança no comportamento dos homens como, por exemplo, tomar à frente na cozinha e preparar o jantar, quem ainda lava a louça e faz faxina é a mulher”, disse a tucana.

Maria de Jesus ressaltou que a situação das nordestinas ainda é pior do que as mulheres de outras Regiões do Brasil. “A mulher daqui infelizmente ainda é muito machista. A nordestina prefere se sobrecarregar do que deixar o homem participar das tarefas do lar. Elas acreditam que exista ‘tarefa de homem’ e ‘tarefa de mulher’”, afirmou.

Quando questionada sobre como solucionar a questão do machismo entre as mulheres do Nordeste, a tucana aposta em campanhas educativas no interior e debates constantes sobre a liberação feminina.

“Temos que ter a consciência de que esta é uma mudança a longo prazo, mas é preciso começar já! Quanto mais o tempo passa, mais ficamos para trás em relação aos outros países já evoluídos nesta questão’, disse.

Mercado de trabalho

As diferenças em relação ao mercado de trabalho também continuam acentuadas. Outro cálculo, agora com base na Pnad, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, mostra que no fim de 2016 o salário dos homens com diploma universitário era 75% mais alto que o das mulheres na mesma situação. Nos cargos de direção e gerência, a distorção se mantém: eles ganham 67% mais que elas.

Autoestima e aceitação do próprio corpo também foram outros temas abordados no levantamento – 84% das mulheres declararam que ser magra é pouco ou nada importante.

Euda Oliveira comemorou o início de uma possível quebra de padrões na sociedade. “Já chega de sofrermos com modelos impostos. Hoje temos vários exemplos de mulheres públicas que se aceitam como são e isso acaba influenciando o restante da sociedade”, concluiu.