Ao contrário do que muitos pensam, partidos políticos não são entidades públicas e sim “organizações privadas da sociedade que reúnem pessoas que concordam com determinado programa político e dispostas a obedecer a um estatuto organizacional”, como Augusto De Franco definiu tão bem. Muitas dessas pessoas não exercem cargos políticos, mas vivem com intensidade e dedicação a história do partido, o fazem andar, são fundamentais para seu funcionamento.
É sobre uma delas que escrevo hoje, porque soube que vai nos deixar, após 30 anos de trabalho e tanta dedicação que sua vida se confunde com a própria trajetória do PSDB. Foi Júlia Bulgarelli a responsável pela ata da fundação do partido, saiu do material escolar de seus filhos a primeira resma de papel usada pelos tucanos, ainda em fase de organização.
Alegre, solidária e apaixonada pelos ideais tucanos, Julinha, como nós a chamamos, é uma testemunha viva – e discreta – de nossos muitos acertos e outros tantos tropeços. Sorriso pregado no rosto, jamais trouxe para o trabalho os problemas de casa, como a sua geração de mulheres que trabalhava fora aprendeu a fazer: separação, perda do filho, AVC… a tudo essa lutadora enfrentou – já que a alguns baques não se supera – sem que os menos atentos sequer suspeitassem o que acontecia com ela.
Certa vez o então presidente do PSDB, Arthur da Távola, perguntou qual era do segredo dela, que conseguia dizer “não” tantas vezes a seus interlocutores e mesmo assim ser adorada por todos. “Quando saio de casa deixo todos os meus problemas lá, e trato a todos bem”, respondeu Julinha. É verdade.
Nós, do PSDB Mulher, desejamos sorte e saúde nesta nova fase, agradecendo por tudo, inclusive pela risada franca e pelo trabalho sério. Muito obrigada, Júlia, seja feliz!
*Presidente Nacional do PSDB-Mulher, Yeda Crusius é economista, deputada federal eleita pelo PSDB do Rio Grande do Sul onde também foi governadora.